A SOLIDARIEDADE DO CAMINHONEIRO

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Esta quem contava era o Emilio, saudoso primo que morava em Chicago com quem fizemos grandes e memoráveis viagens de moto: Tinha acabado de trocar os pneus da minha BMW GS Paris Dakar em casa e fui dar uma voltinha pra tirar a cera. Devo ter passado muita vaselina nas bordas dos pneus pra facilitar a montagem no aro e quando já estava a umas 70 milhas/h em plena Interstate não deu outra: o pneu traseiro girou em falso no aro e arrancou o bico da câmara de ar.
A moto começou a dançar na pista passando de uma faixa para outra sem a menor cerimônia e eu que tinha virado um mero passageiro tentava reduzir a velocidade pra parar no acostamento sem cair.
O motorista da enorme jamanta que vinha atrás, felizmente a uma distância segura, também devia ser um motociclista experiente. Vendo a minha situação exasperante, foi reduzindo sua velocidade fazendo o papel de um enorme escudo, e ligando seus piscas de um lado pro outro foi acompanhando o meu zig-zag. Se eu caísse no meio da estrada ele pararia com toda segurança atrás me protegendo de motoristas menos habilidosos ou mais distraídos que eventualmente poderiam me atingir por trás.
Paramos no acostamento, o ajudante do meu anjo da guarda desceu da boleia e veio ver o que havia acontecido. Enquanto eu disfarçava o tremor das pernas decorrente da descarga de adrenalina ele me falou da sua manobra protetora.
Fiquei muito agradecido e emocionado com seu gesto de solidariedade e habilidade no manejo do seu enorme caminhão.
Fica a lição pros mais jovens: Primeiro, o emocionante gesto de amor ao próximo do motorista desconhecido. Segundo, nunca lubrificar muito as bordas dos pneus quando fizer a instalação manual dos mesmos durante uma viagem (nem sempre encontramos algum borracheiro por perto) e por último seguir religiosamente a regrinha dos 2 segundos de “distância” do veículo a sua frente, pra ter tempo de alguma reação ao trafegar por este mundão.

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