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Em 1996 meu primo que morava em Chicago me convidou pra uma viagem a Daytona pra participar do famoso mega encontro de motociclistas que acontecesse todo ano na primeira semana de março.
Eu iria com a sua velha e querida GS 800 Paris Dakar e ele com uma RT um pouco mais nova. O Bruce, seu genro, também iria com sua BMW.
No manhã da saída de Westmont, cidadezinha da grande Chicago, o termômetro marcava -7° C e se não fossem as lâmpadas que deixamos acessas iluminando os motores das motos a noite inteira eles não pegariam.
Na primeira parada pra abastecimento em Indiana fomos recebidos pela mãe natureza com uma nevada, que pareceu não incomodar os gringos. Pra mim já era o suficiente.
Fui alertado sobre o perigo do gelo na pista que geralmente se acumula em finas camadas invisíveis principalmente encima das pontes. Passamos por algumas placas pequenas e a sensação é muito desagradável. Pior que nossas conhecidas manchas de óleo ou aquelas faixas refletivas que existiam na Rodovia dos Imigrantes.
As motos não tinham aquecedores de manopla, mas o Emilio deu uns saquinhos plásticos com uma ampola dentro que ao ser rompida, dava inicio a uma reação exotérmica que nos aquecia durante várias horas. Colocando um saquinho em cada luva e em cada bota a viagem ficou mais confortável.
A festa em Daytona é fantástica. Com seu clima super agradável, as ruas lotadas de motociclistas de todas as tribos, corridas de moto velocidade, motocross, test drive de todas as grandes marcas e exposição dos últimos lançamentos de motos e acessórios, nenhum motociclista pode se queixar. O difícil é encontrar uma Harley Davidson não personalizada. É curioso observar seus proprietários regulando suas máquinas em mecânicos experts em afinação pra deixar sua marcha lenta naquele ritmo peculiar. Nem sei se hoje em dia seria possível obter aquele som com as injeções e ignições eletrônicas.
Na volta tivemos que pernoitar em Nashville, num hotel de beira de estrada. As motos dormiram ao relento e prevendo o que iria acontecer na manhã seguinte o primo ligou para o seu filho pedindo que viesse com mais um amigo nos resgatar com suas caminhonetes. Na manhã seguinte não deu outra, os motores não viraram e tivemos que voltar pra Chicago com as motos na caçamba.
Recordando agora desta viagem acho que encontrei a resposta para uma pergunta que não quer calar. Como num país em que as motos são, muito provavelmente, as mais caras do mundo uma revenda brasileira consegue ser a campeã mundial de vendas por três anos consecutivos? Sem obviamente desmerecer sua grande equipe.
Será que não é pelo fato das maiores concorrentes do Hemisfério Norte não venderem motos durante vários meses do ano? Nos estados americanos onde o inverno é mais rigoroso as concessionárias retiram as motos das prateleiras e só vendem seus produtos de temporada.
Apesar de tudo, felizes somos nós, brasileiros, que podemos andar de moto o ano inteiro!
Você curtiu essa aventura? veja mais em nossa seção de aventuras. Como médico, Dr Décio não sabe dizer se o motociclismo é uma doença hereditária ou se pegou o vírus ao andar no tanque da moto do pai, uma Triumph 500, aos 7 anos de idade, quando ele e mais três amigos, em 1949 se preparavam pra ir até a Argentina. Foi um dos fundadores da pioneira equipe de enduro “Alice no pais das trilhas”. É um motociclista de mão cheia, daqueles que, ainda hoje em dia, encara o transito de SP em sua BMW GS1250 diariamente, é também um aventureiro de primeira linha, cruzou a transamazônica em algumas ocasiões, em 1983, 1988, foi ao México, USA, Alasca, praticamente toda América do Sul…em cima de uma motocicleta. Liderou alguns passeios de eventura pela Off Rush com as KTM e ha alguns anos organiza os passeios do Caltabiano Moto Club com as BMW
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isso que eu chamo de "entrar numa fria"!!!