BIGGER IS BETTER!
Aprendemos assim, faz parte da nossa cultura! Tanto para motocicletas, quanto para os automóveis nos ensinaram que: “bigger is better” (quanto maior – melhor).
Os Norte-Americanos pensavam assim (hoje a coisa mudou por lá também), com seus famosos carros equipados com gigantescos motores V-8, alguns atingindo mais de 8 litros de deslocamento!! Com as motocicletas Harley Davidson esbanjando cilindradas, 1400, 1600… Sem que isso representasse desempenho ou potencia efetivamente. No Brasil-Colônia não seria diferente, não é mesmo?
Quando, a partir de meados da década de 1970 as importações foram proibidas, as primeiras fábricas de motocicleta apareciam por aqui, começaram elas próprias a lançar modelos de baixa cilindrada, 50 – 125, e a “escadinha” foi sendo escalada, degrau a degrau de acordo com a cilindrada do motor.
Aprendemos, a cada lançamento, que a novidade tinha alguns centímetros cúbicos a mais do que o modelo anterior, custava mais caro e normalmente andava mais! Pronto! Absorvemos isso, lentamente, já que a tecnologia empregada nos motores era basicamente a mesma.
E quando não era? Quando os cm cúbicos de determinado modelo era inferior ao outro? Muitos simplesmente torciam o nariz!
E quando não era? Quando os cm cúbicos de determinado modelo era inferior ao outro? Muitos simplesmente torciam o nariz!
Quanto preconceito rolava dos “hondeiros” e suas poderosas 750cc quando cruzavam com os “yamahistas” e suas barulhentas, fumacentas (e deliciosas) 350cc 2 tempos… Os “yamahistas” querendo mostrar que suas “envenenadas-de-fábrica” andavam pra valer… E os “hondeiros” sentindo isso na pele!
Não pode com elas? Que tal difamar? Truque velho esse não é?? E assim foi…
Eu mesmo, garoto ainda, não me esqueço até hoje do racha que fiz, eu na DT180, apanhando FEIO do colega de classe Décio uma RD135Z… Que decepção! Aprendi na pele a respeitar aqueles foguetinhos endiabrados! comecei a entender, ainda garoto, que cilindradas não eram sinônimo de potencia, muito menos desempenho!
Nos carros foi a mesma coisa. Aprendemos que 1.3 era legal, mas 1.6 era muito melhor. Tivemos um esportivo 1.8… E quando ele virou 2.0 custava uma fortuna! Aí apareceu a FIAT, com Tempra turbo, uno turbo, marea turbo…todos com cilindrada baixa, desempenho alto! Nem um deles foi um grande sucesso comercial, mudar uma cultura realmente demora!!
Dai surgiu a moto Amazonas – considerada por muito tempo como a maior moto do mundo! Usava o simples e pacato motor de VW fusca (não o fusca turbinado, com injeção direta e com 200hp dos dias de hoje, o fusquinha a ar, motor boxer com cerca de 60hp). Conhecida como ” a maior moto do mundo ” devido a alta capacidade cubica de seu motor – sem que isso representasse bom desempenho, muito pelo contrário… desempenho dela era bem modesto!
Na Europa a cultura era, e ainda é, outra. Nos carros as turbinas e motores eficientes de baixa capacidade cúbica, andando muito e gastando pouco. Uma preocupação que não se dava tanta ênfase na época, mas hoje é fundamental pra quem quiser sobreviver no mercado mundial.
A Agrale, com sua origem européia (Cagiva – Itália) quando lançou suas motos aqui, já que eram movidas por motores 2 tempos com alta potência específica – cerca de 150 hp por litro, um número importante até nos dias atuais (pra se ter uma referencia, a poderosa e atual Hayabusa com 1350cc e 200hp tem 148 hp/litro) – como não podia competir no mercado divulgando apenas a capacidade cúbica do motor, decidiu lança-las divulgando em alto-e-bom-tom sua potência! Um acerto, em minha opinião, mas infelizmente não vingou, não resistiu a cultura do “bigger is better” e caiu no esquecimento!
Mas felizmente isso mudou, conhecemos nestes quase 40 anos outras tecnologias, turbinas, motores de outros ciclos, multi-válvulas, injeções eletrônicas, injeções diretas etc e nos convencemos que o título desta matéria não corresponde a realidade.
Talvez seja esse um outro detalhe que nós, colecionadores, conservamos pras futuras gerações…
Pra você, maior ainda é melhor? Curte mais o ronco grave e embaralhado do V8? Ou o assobio e a subida de giros esperta do turbinado?
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Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.