O Valor Emocional

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– Oi, tudo bem? que linda moto, você vende?

Quando o comprador (ou curioso) faz essa pergunta a um particular ou colecionador, ele pode receber uma variedade imensa de respostas… desde:

– Claro, tava pensando mesmo em vende-la (acompanhado de um sorriso aberto, mas pouco comum)

até um mais ríspido:

– Obrigado, mas ela não está a venda! (acompanhado de um franzir de testa)

pois é, o universo das motos de coleção é incrível, elas despertam paixão em nós colecionadores e naqueles que as admiram, em feiras, exposições, internet…
Talvez o charme maior esteja justamente na exclusividade de ter-se uma clássica.  Não é uma moto que “qualquer um” pode ter…  não há uma barreira financeira como acontece com um Rolls Royce por exemplo, exclusivíssimo também. No caso da clássica, o proprietário é um cara que dedica-se e dedicou-se a ela, desde a escolha, a difícil tarefa de encontrá-la, o garimpo daquela peça faltante, filiou-se a clubes de automobilismo e ocupou-se com a tarefa de conquistar para ela uma – ainda mais exclusiva – placa preta, mante-la funcionando enfim, todo uma historia que desenvolveu-se entre proprietário e moto.

Bem diferente de ir até uma loja e comprar uma motocicleta zero km, pode ser comprada até mesmo por telefone.

Muitos de nós já viajou 1.000, 2.000 e muitos mais quilômetros para ver a candidata, as vezes voltando de mãos abanando e perdendo a viagem, outras vezes voltando com ela na caçamba ou carretinha..

Pois é, isso faz das motos antigas algo delicadamente caro, isso justamente que impossibilita comparar preços.

Mas, essas que citamos aqui, são motos clássicas, antigas e “de coleção”, no entanto podem ser compradas, negociadas, há um mercado para elas.  Existe uma outra categoria que não está, definitivamente, a venda:

– aquela que não foi comprada de um colecionador “no ano passado”, aquela que te acompanhou nesses durante uma vida, aquela que entrou em sua vida durante sua juventude, que carrega não apenas historia da moto em suas cores desbotadas, mas a historia do proprietário, as historias se misturam, historias de uma vida.  Esse tipo de proprietário, que exibe orgulhoso todos os documentos antigos em seu nome, a nota fiscal, que é capaz de explicar com detalhes cada uma das cicatrizes que sua moto exibe, dificilmente a vende, é o cara que normalmente franze a testa e afirma: – essa moto não tem preço.

Algum desavisado se ofende com tal resposta e, indignado pensa:

– mas tem uma “muito melhor” do que essa a venda por R$ 15.000,00, porque esse babaca não quer por preço na dele? Acha que a dele é a melhor do mundo?

a resposta é simples, mas de interpretação complicada pra quem está vendo a moto apenas como um objeto:

– ele não põe preço na “dele”, pois a moto representa toda uma historia e o valor emocional é infinitamente superior ao preço de mercado, e pra ele, ela é sim a melhor do mundo! A única!  Talvez existam melhores, e possivelmente sim, mas foi sentando naquele assento com as mãos naquele guidão que o proprietário passou parte de seus dias…  e ai, caros amigos, a historia absolutamente não tem preço.

Dá pena de quem não é capaz de entender isso!


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