As crianças e as motocicletas…

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A minha geração tinha, na moto, um objeto de desejo.

Existiam outros objetivos importantes, uma guitarra por exemplo para alguns, carro naturalmente para outros, mas a moto era bem aceita pois era a evolução natural da bicicleta, simbolo de liberdade e rebeldia – que combinava exatamente com o momento em que vivíamos.

Mas e hoje? Como ficou?

Essa questão me veio a tona nos últimos dias, quando convidei meu sobrinho de 13 anos pra uma volta de moto.  O tema “moto” em casa é forte demais: É moto na sala de estar, é garagem abarrotada de motos,  até festa de aniversário fazemos para motocicletas. E eu me questionava a razão pela qual ele não me procurava para passear, pois me lembro que quando era ainda mais novo do que ele, eu infernizava a todos os amigos de meu pai por um passeio em uma moto.

Com essa questão em mente, depois do convite, fomos ao passeio.  Passadas as instruções básicas de onde segurar, como afixar o capacete, entender as inclinações diversas a que uma moto se expõe – fomos pra rua.  Em um momento de transito intenso, os primeiros quilômetros foram um tanto tensos para o garupa novato, enquanto ele experimentava as primeiras sensações, eu me lembrava dos meus primeiros passeios, na garupa de uma CB 400.

Neste primeiro momento ele confessou sentir um pouco de medo. Fomos conversando e ele foi se acalmando,  “ganhamos as ruas” gradativamente, numa tocada muito suave, como convém a um novato.  
Mais relaxado, passou a me perguntar sobre a física da pilotagem, foi um papo legal, pois é justamente o que está estudando na escola agora e não entendia bem pra que servia aquele aprendizado aparentemente chato! Então sentir na pratica os efeitos da força centrifuga, da aceleração, entender a razão pela qual uma moto pode (e deve!) inclinar-se em uma curva, tornaram o passeio mais interessante – didático até.

Passado o tema “física da motocicleta”, me perguntou a razão pela qual eu andava muito de moto e raramente de carro, inclusive para viagens, e eu expliquei que achava aquilo infinitamente mais prazeroso do que um carro: havia o vento, os cheiros da estrada, a inclinação, a proximidade com o piso, o fato de fazer parte da natureza, a alegria de não ficar preso no transito, a sensação de liberdade, enfim, que era bem melhor do que ficar “enjaulado” em um carro – e ele enquanto ouvia, podia constatar tais afirmações.

Ai ele me disse, e imediatamente “caiu a minha ficha”, pude compreender porque a nossa geração era fascinada nesse inteligente veiculo e a atual não está dando a minima pra motocicleta:

“Tio, o problema é que tudo que escutamos sobre moto são noticias ruins! assaltos, acidentes, mortes no transito”.

Bingo!  como poderia ter interesse em uma motocicleta uma criança que é bombardeada com essas informações diariamente?

Enquanto a moto rodava suavemente, suas mãos já não estavam agarradas às alças do garupa, pudemos falar sobre segurança, e que,  qualquer veiculo que seja, desde que respeitadas as regras de segurança e que seja entendida a física da pilotagem, não oferece perigo. Pode ser um ultraleve, helicóptero ou uma motocicleta, tanto faz, se for conduzido de forma irresponsável, vai causar problemas.

Na manha seguinte, a boa notícia:  “Tio, quando eu fizer 18 anos vou querer uma moto”.  Pode ser empolgação do momento ou não, isso pouco importa agora, o importante é fazer entender que moto não é “veiculo de bandido” e muito menos “instrumento do capeta”, é um veiculo inteligente que pode proporcionar muito prazer a quem sabe utiliza-lo.

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A duvida que fica é a seguinte:  O que será das próximas gerações?  Quem vai curtir moto daqui a 30 anos?


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5 thoughts on “As crianças e as motocicletas…

  • o lance amigo Diego, é que antigamente..(poxa 52 e já to falando assim) era tudo muito mais tranquilo, podíamos andar sem capacete, tranquilos pelas cidades ou pelos bairros… tudo era uma aventura, sem tantas tecnologias que muitas vezes nos tornam reféns dela…
    Hj sair com minha "Monstrossaura" só mesmo uma rápida voltinha pelo bairro, o no máximo na cidade tranquila mais próxima… o mundo esta mudando, e as novas geraçaoes nunca entenderão o quanto é gostoso uma moto, seja qual for…

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  • o lance amigo Diego, é que antigamente..(poxa 52 e já to falando assim) era tudo muito mais tranquilo, podíamos andar sem capacete, tranquilos pelas cidades ou pelos bairros… tudo era uma aventura, sem tantas tecnologias que muitas vezes nos tornam reféns dela…
    Hj sair com minha "Monstrossaura" só mesmo uma rápida voltinha pelo bairro, o no máximo na cidade tranquila mais próxima… o mundo esta mudando, e as novas geraçaoes nunca entenderão o quanto é gostoso uma moto, seja qual for…

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  • oi Gian… era "uma época de inocência"? … kkk eu ficava p.da.vida quando era jovem e os mais velhos falavam: "nos meus tempos"… estamos aqui, fazendo igualzinho! kkkk..

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  • oi Gian… era "uma época de inocência"? … kkk eu ficava p.da.vida quando era jovem e os mais velhos falavam: "nos meus tempos"… estamos aqui, fazendo igualzinho! kkkk..

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  • oi Gian… era "uma época de inocência"? … kkk eu ficava p.da.vida quando era jovem e os mais velhos falavam: "nos meus tempos"… estamos aqui, fazendo igualzinho! kkkk..

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