O dinossauro…

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Se lembra de quando eramos garotos? voltávamos das férias,
e na escola em janeiro e a primeira  tarefa que a
professora pedia era?! – escreva uma redação.
O tema: As minhas férias!


Nessas férias peguei a moto – a Super Ténéré (moderna), a esposa, arrumei as malas e rumei pros Andes, como faço ha mais de 20 anos com certa freqüência. 

São inúmeros os caminhos, então há sempre algo novo ha ser descoberto naquelas montanhas, e mesmo nos lugares conhecidos, a beleza incomparável ou a simples sensação de subir à altitude e respirar o ar rarefeito dá uma satisfação incrível!


Foi a primeira vez que levei minha esposa pra “montanha”, forma carinhosa que costumo chamar a cordilheira, então o roteiro foi mais curto, com apenas 7.200 quilômetros entre ida e volta, contrastando com os usuais 14.000 a 15.000 das viagens a Ushuaia ou Machu Picchu, mas, não menos encantador, pois cruzamos a Bolívia, passamos uns dias no litoral do extremo norte do Chile, cruzamos o deserto do Atacama, a Argentina e alguns estados brasileiros.

Mas a historia que quero contar aqui e que tem relevância pra com o contexto do “Motos Clássicas 80” foi a que aconteceu já voltando pra casa, em Salta, na Argentina…


Já na volta, no dia 26, depois do Natal, quando encontramos com um casal de amigos de minha cidade, o Farah e a Márcia. Eles estavam indo pra San Pedro Atacama, Ch, e nós acabávamos de descer da cordilheira e descansávamos naquela cidade, nos preparando para cruzar a Argentina, foi o ponto de encontro e de boas conversas e risadas antes de uma boa noite de sono e mais alguns quilômetros no lombo.

Eis que, entre uma e outra historia, a esposa do Farah, Márcia, contava que quando foram a Ushuaia,AR,  estavam indo sozinhos em sua moto e conheceram na estrada um senhor brasileiro que também viajava sozinho, na mesma direção, e conversa vai conversa vem, o senhor “se ofereceu” pra ir com eles, deixando-os em uma situação um tanto constrangedora e meio que se sentido obrigados, acabaram aceitando, e deixaram que o senhor os acompanhasse pelos próximos 3 dias, até que enfim chegaram a Ushuaia e conseguiram, gentilmente, se desvencilhar dele.   Nos disseram que sempre gostavam, assim como eu, de viajar sozinhos, e que essa companhia inesperada não estava no programa e que, apesar de ser uma pessoa agradável, não era legal ter companhia durante a viagem, pois tinham programado de fazer aquela viagem sozinhos, papo vai e papo vem, a historia ia muito bem até ai, mas eis que a Márcia em um determinado momento dispara:  

– Diego, você acredita que nem GPS ele levava? só mesmo mapa de papel?  –  Eu engoli a seco, fiquei quieto e meio sem jeito na hora, dei um sorriso amarelo… continuamos nos divertindo com outras historias que vieram depois.

Cruzando a Bolivia, bem mais fácil, sem dúvida,
com o GPS… mas será que é tão mais legal assim?!

No dia seguinte, cada casal tomou seu rumo, e enquanto eu atravessava a região do norte da Argentina conhecida como “Chaco” e que os motociclistas que por ali trafegam conhecem como “pampa del infierno” devido ao calor absurdo que impera ali no verão, comecei a me matar de rir, sozinho, dentro do capacete…

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Abastecendo na cordilheira Peruana em 2002…


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Abastecendo na cordilheira Boliviana em 2016… nesse sentido não houve
grande evolução! 😃

Eu, com mais de 700.000 km no lombo, 30 anos de motociclismo, várias viagens aos destinos conhecidos (e outros nem tanto) da América do Sul, incontáveis travessias da       cordilheira, depois de ter andado por esse Brasil todo…  estava então, pela primeira vez, usando o GPS em uma viagem de moto!!!









Me senti um verdadeiro dinossauro!!!   talvez um personagem da música de Raul Seixas, de 10.000 anos atrás, vendo Babilônia sendo riscada do mapa…😊

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Ou será que “na raça” voltava com mais gostinho de aventura na boca?!?

Ainda rindo, me lembrei de outras ocasiões em que, pra subir a cordilheira tive que abrir os 4 carburadores da Yamaha R1 e trocar a giclagem, lembrei-me de uma outra viagem, bem ao sul da patagônia em que tive que levar gasolina em garrafa pet amarrada nas costas…  

O cavalo cruzou a pista, me assustei, bati então os olhos no GPS, vi quanto faltava pra chegar na cidade de Corrientes,AR – acelerei e, naquele calor infernal, voltando a realidade terminei de cruzar o Chaco.


Será que “sofri bulling” simplesmente por praticar “motociclismo à moda antiga”?  😊

Mas é fato! Márcia tem toda razão, o GPS veio pra ficar! As aventuras antigas, sem o lenço e o documento ficaram na história, na memória, nas fotos impressas de papel. O conforto e a segurança dos equipamentos modernos são legais sim e importantes.  Ainda que o vício me obrigue a carregar os surrados mapas de papel na bagagem, o GPS tornou-se equipamento fundamental e estará presente nas próximas aventuras…

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Digamos assim, então talvez, um dinossauro tecnológico.


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2 comentários sobre “O dinossauro…

  • Saúde & Paz.
    Pode até ser "dinossaurismo", mas sempre levo um mapa de papel. Claro ter a pratica de saber lê-lo e interpreta-lo. Pontos cardeais, olhar as estrelas…etc etc etc…
    E…..de nada adianta o modernismo se não tiver energia. E energia pode acontecer
    a faltar….raro mas acontece. Nem tudo é perfeito.
    Ai é que entra o conhecimento "dinossauro. Abraços e boas aceleradas. Ninja

    Resposta
  • Saúde & Paz.
    Pode até ser "dinossaurismo", mas sempre levo um mapa de papel. Claro ter a pratica de saber lê-lo e interpreta-lo. Pontos cardeais, olhar as estrelas…etc etc etc…
    E…..de nada adianta o modernismo se não tiver energia. E energia pode acontecer
    a faltar….raro mas acontece. Nem tudo é perfeito.
    Ai é que entra o conhecimento "dinossauro. Abraços e boas aceleradas. Ninja

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