Ação entre amigos e meu sonho

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A vida de motociclista apaixonado e que gosta de viajar sempre revela surpresas interessantes. Elas podem acontecer ao parar em lugares até então inéditos para você e conhecer outras pessoas ligados ao mundo das motos. Na semana passada estava a trabalho em Bragança Paulista, aqui pertinho de Atibaia, e tive uma dessas surpresas bem legais. A primeira delas foi conhecer o Alessandro Hernandes, da Lê Motos, um mecânico que cresceu dentro de uma oficina e seguiu os passos do pai. Ouso dizer que ele é “um cara que respira motos” e em nosso papo de quase uma hora mostrou grande respeito e amor por essas máquinas fascinantes.

Cicero ao lado da Yamaha DT 180, em 1983 era a “a moto dos sonhos”

Foi a primeira vez que entrei na sua loja/oficina. Algumas motos antigas no grande saguão e uma velha DT 180 pendurada na parede chamam atenção.
Porém o mais legal foi uma linda Yamaha DT 180, ano 83, reluzindo ao lado de uma moderna BMW.
Como uma capsula do tempo aquele motor 2T de apenas 16 cavalos (e torque quase irrisório de apenas 1,74 kgf.m que, para ser atingido exigia 7.500 giros do pequeno propulsor) conseguiu me levar aos meus distantes 23 anos de idade. À época eu sonhava ter uma daquela para viajar. Mas era impossível, não tinha grana

Com esse salário era difícil comprar uma DT 180

Naquela época o preço de tabela era de Cr$ 1.515.000 mais de vinte vezes o salário que tinha registrado em minha Carteira de Trabalho. Se você quiser lembrar um pouco mais daquela época, nosso presidente era o General João Batista Figueiredo. O Brasil, e seus 129 milhões de habitantes, ainda amargavam a derrota na Copa do Mundo de 1982, incrível como essa moto me levou na garupa a uma viagem de 34 anos no passado.

Voltando ao presente, o mais legal foi saber que a DT 180, que pesa pouco mais de 100 kg, está sendo sorteada em uma Ação Entre Amigos e o motivo para isso foi o mais interessante. “Soube que ela estava a venda aqui na cidade e como já tenho uma em exposição na loja, resolvi envolver os apaixonados pelas clássicas e assim aumentar a chance de todo mundo ter uma DT antiga” afirmou o Alessandro. Realmente é uma visão de diferente dos comerciantes comuns. Agindo assim o Lê, como é conhecido, aumenta a chance de todo mundo pelo menos sonhar com a moto (que é o meu caso).

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A charmosa DT 180 foi capaz de levar a uma viagem no tempo 

Claro que eu estou entre os possíveis donos da moto pois investi os R$ 15,00 para escolher um nome e torcer para ele ser o escolhido. Ainda restavam alguns nomes em aberto e mesmo que eu não ganhe já estou curtindo a possibilidade. Como diz o samba enredo de 1992 da Mocidade Independente “sonhar não custa nada”. Afinal, em 1983 nem sonhar com essa DT eu podia.


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