É bom sonhar…

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Honda XL 600 RM ano 87

Essa é a história da minha oldtimer, uma Honda XL 600 RM de 1987. Escrevo sobre minhas experiências com ela, como a razão e motivação de procurá-la, assim como as dificuldades, a paciência e persistência necessária para obter o sucesso e a alegria de encontrá-la, com o simultâneo começo das dificuldades de restaurá-la. O prazer de vê-la dia a dia melhorado, e também reconhecer o perigo de se tornar um perfeccionista… 

Tenho dicas de como fazer o metal se tornar novo, cuidados quando lixar e polir alumínio, quais os produtos que dão resultados, como colar adesivos, tirar ferrugem e pintar peças e principalmente experiências com os erros que se devem evitar, dicas de como encontrar peças em outros países, do que se aconselhe comprar e do que se deve de preferência tirar as mãos. Faço um comparativo com a XLX 350 R, o que a Honda do Brasil na época também poderia ter herdado dela e o que conseguiu fazer melhor (isso mesmo, muitos detalhes a Honda da Amazônia caprichou…). Como é dirigir essa moto, qual é a vantagem sobre ter uma moto nova e como que é ter uma relíquia do passado. Enfim, tentarei descrever a sensação de ter realizado um sonho, que não só me trouxe de volta os tempos da minha juventude, como também os tempos em que morava no Brasil, há 30 anos atrás…


É bom sonhar…

No começo dos anos 80 eu passava todos os finais de semana com a minha família no interior de São Paulo, aonde eu tinha a minha turma, todos jovens como eu entre seus 15 e 17 anos. Não demorou muito e começaram a aparecer as primeiras motos. A primeira que me lembro foi a Yamaha DT 180, de um dos meus amigos, que uma vez furou o pneu e ficou lá em casa esperando a roda voltar do borracheiro. Eu fiquei olhando para ela e pensando: ahhh, se eu tivesse uma moto destas, iria viajar pelo mundo inteiro, por todos os caminhos e estradas.

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A Yamaha DT 180 e as XLs 250 R, branca e azul.

Depois apareceu a Honda XL 250 R, dois irmãos tinham uma branca e uma azul. Achava a suspensão traseira mono choque PRO-LINK demais, a primeira moto aonde não se viam os amortecedores traseiros. Elas eram altas e tinham um som maravilhoso.

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Eu no meio e minha Honda CG 125 à direita

Mas eu ficava só olhando, pois tinha que me contentar com uma CG 125 que ainda por cima dividia com o meu irmão maior. Eu andava direto com a minha moto, rodando inúmeras vezes pelas mesmas ruas. É claro que sem carteira e, para completar, sem capacete. A minha mãe uma vez me perguntou: filho, por que você dá tantas voltas assim pelo condomínio? Eu a respondi que imaginava estar andando numa moto grande de enduro. Ela me disse então uma frase que me lembro até hoje: “é filho, é bom sonhar…”. Hoje eu penso: isso mesmo mãe, é muito bom sonhar…

Na região haviam muitas estradas de terra e todos os que tinham uma moto para o fora de estrada pegavam trilha. É óbvio que nessa eu ficava para trás, com a minha cegêzinha. Eu então tomei a decisão: vou fazer de tudo para também ter uma enduro.

Eu comprava todas as revistas de motos que saiam nas bancas, e as lia do começo ao fim. Adorava quando chegava janeiro e vinham reportagens do rali Paris-Dakar, do salão de Paris com os lançamentos da Honda, Yamaha, BMW e outras marcas… Em 86, se eu não me engano, houve um artigo com a apresentação dos novos modelos da Honda XL 600 LM e RM. Eu as achei maravilhosas, mas eu sabia que elas nunca iriam ser produzidas no Brasil.


O começo da melhor fase da minha vida.

Em 86 finalmente tive a minha primeira fora de estrada, uma XLX 250 R vermelha com banco azul e grafismo muito bonito com faixas azuis no tanque. Este vermelho era bem vivo e não tinha o tom alaranjado do modelo anterior, o que me agradou muito. Com essa moto eu entrei para o mundo das trilhas, uma nova fase na minha vida, que por sinal foi a mais marcante. Como era divertido pegar estradas de terra, atolar no barro, pular na pista de bicicross(!), atravessar riachos e partes rasas da represa de Itupararanga, empinar moto… isso tudo era um prazer imenso.

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Minha Honda XLX 250 R Sem capacete e sem juízo…

Em 1987, aos meus 18 anos, apareceram as primeiras fotos da Honda XLX 350 R nas revistas. Eu fiquei deslumbrado! Haviam rumores do lançamento de uma 350 da Honda, mas nunca esperava uma linha tão moderna e, na minha opinião, até hoje tão bonita.

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O lançamento da Honda XLX 350 R

Eu me lembro que na época as motos eram dificílimas de se achar nas lojas, pois havia o congelamento de preços e assim as revendedoras ficavam vazias. Era muito comum se cobrar ágio, com muita sorte consegui comprar uma a preço de tabela. Mesmo assim, me lembro de ela ter sido para mim bem cara.
Esta foi a moto que mais marcou a minha vida. Tudo nela eu adorava: o tanque em forma de vulcão, o painel retangular, o banco amarelo envolvente, aletas direcionadoras de ar encaixadas perfeicionalmente ao tanque, a carenagem com cara de malvada que dava até medo, e ainda mais na cor preta, os protetores de mão, o motor lindo em duas cores, o freio dianteiro a disco, por fim, para mim ela era em todos os aspectos perfeita! Andar com ela foram dois anos de prazer intenso.

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Minha Honda XLX 350 R, a origem do meu sonho.
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BMW R100 GS PD nos alpes austríacos

Aos 20 anos me mudei para a Alemanha, mas meus pais ainda continuaram morando no Brasil. Depois de alguns meses pedi a eles para venderem a moto, não imaginando que isso seria o arrependimento da minha vida. Mas na época haviam coisas mais importantes para mim. Não sei explicar porquê, mas meu interesse e entusiasmo por motos diminuiu bastante, cheguei até a ficar alguns anos sem ter moto.

Comprei em 92 uma BMW R 100 GS PD (Paris Dakar). Essa sim era uma das motos que competiam no rali mais famoso do mundo. Ela tinha um tanque imenso de, sei lá, 35 litros? Viajei bastante com ela pelos alpes austríacos, mas a vendi depois de dois anos.

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BMW F650 GS Dakar

                                                           
Demorei até o ano 2000 para comprar novamente uma moto, uma BMW F650 GS Dakar. O estilo enduro continuou me fascinando, mesmo eu andando bem pouco e somente no asfalto. Com filhos pequenos é difícil desfrutar bem uma viagem de moto, você sente um peso na consciência e tem sempre a sensação de ter deixado a família sozinha num final de semana bonito. Mas mesmo assim decidi nunca mais vender uma moto que comprasse.
Não a usava, mas também não me desfazia dela.

Ter uma moto era para mim um meio para me manter jovem, pelo menos mentalmente.


Vivendo no mundo das saudades.

Eu acho que quanto mais se passa o tempo, mais as memórias do passado começam a se manifestar nos seus sonhos. É muito comum eu sonhar que ainda estou no Brasil e automaticamente, ainda ser um adolescente. Várias vezes entrava no quarto dos fundos da casa dos meus pais e encontrava de novo a minha XLX 350 R ainda lá, empoeirada e esquecida. Pulava de felicidade dizendo: não acredito, então meu pai não vendeu minha moto? E dava de novo minhas voltas com ela, todo feliz. Que desilusão quando acordava e percebia que a moto só existia nos meus sonhos…

Quando comprei meu primeiro smartfone comecei a baixar fotos de motos dos anos 80. Principalmente daquelas que nunca chegaram ao Brasil, como as Hondas XL 400 R, XL 500 R, a linha XR, as Yamahas XT e TT.

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As motos no meu smartfone. Honda XL 400 R,  Yamaha TT 600…

Eu adorava ver aquele motor lindo RFVC da Honda de 600 cilindradas. Minha filha sempre comentava: “De novo vendo fotos de motos, pai?” Era o meu passatempo ficar olhando para o passado, imaginando ter essas motos naquela época em que era adolescente. Uma das fontes de inspiração foi o site www.motosclassicas80.com.br, aonde eu achei fotos com boa resolução da XLX 350 R. Foi aí que a saudade começou a bater mais forte ainda. Encontrei no YouTube um vídeo de 1988 da fábrica da Honda em Manaus, aonde se via a produção completa das motos, e o melhor de tudo, se via a XLX 350 R sendo produzida. Tudo me interessava, desde a fundição, usinagem e montagem do motor, colagem dos adesivos, produção dos bancos, até a estampagem e soldagem do tanque. Eu viajava de volta aos anos 80 com este vídeo.

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O vídeo da fábrica da Honda nos anos 80.


O longo e doloroso processo da procura.

Ter saudades dói, todo mundo sabe. Voltar para o passado é impossível, assim como se rejuvenescer. Mas a sensação de ser jovem é possível de se desenvolver. Mas como?

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Memória de elefante: eu sabia que já tinha visto o design da
XLX 350 R antes em uma revista, há 30 anos atrás…

Certo dia, graças ao meu interesse por revistas de motos que tive no passado, eu pensei comigo: espere aí, eu me lembro que a XLX 350 R foi inspirada na sua irmã maior, a XL 600 RM, lançada na Europa. E se eu procurar por uma usada aqui, quem sabe, talvez até consiga encontrar uma. Não vai ser a mesma moto que tive no Brasil, mas vai ser com certeza a mesma sensação, aí vou parar de sofrer desta abstinência e meu sonho irá se tornar realidade.

Comecei então a procurá-la na internet, nos classificados. Todos os dias, depois do almoço, sentava na cafeteria e tomava meu café olhando os anúncios.
A procura foi muito difícil pois a XL 600 RM, que além de agora já ter 30 anos, não foi fabricada por muito tempo. Ainda por cima haviam na época outras opções, começando pela Honda com o modelo LM, que tinha um tanque grande como o de uma Yamaha Ténéré, do modelo básico R, sem partida elétrica, e para aqueles que quisessem mesmo andar mais no fora de estrada havia ainda a opção da linha XR. Além do mais a cor preta, a qual eu estava procurando, não era a preferência da época. Foi como procurar uma agulha no palheiro. Mas mesmo nunca obtendo sucesso achava a procura agradável, era como jogar na loto.

Três vezes obtive resultados positivos. A primeira vez até na mesma cidade aonde moro. Mas quando fui olhar a moto, pareceu que o mundo havia desabado na minha frente. Uma decepção imensa, a moto super mal conservada, tanque amassado e mal repintado, toda suja, peças de plástico quebradas. Na minha memória eu tinha uma moto zerinha, toda bonita. Na época super cara, todo mundo a admirava. Agora ela não passava de um ferro velho. Isso me fez muito mal. Eu até pensei: acho melhor continuar vivendo no mundo perfeito das minhas memórias do que enfrentar esta triste realidade. Foi uma sensação de derrota para mim… Mesmo assim dei uma volta com ela para testar, o que me deu um pouco de esperanças. Embora visualmente muito ruim, tecnicamente estava boa. O motor puxava bem, com um som agressivo e nervoso. Olhando para o painel não se tinha uma visão agradável devido ao estado lamentável de conservação, mas a posição de dirigir e o estilo dela com o painel e farol fixos ao guidão me trouxeram por alguns minutos minha XLX de volta. Não tive coragem de comprá-la, dei uma oferta abaixo do que estava pedindo. No outro dia ele me ligou dizendo que a moto havia sido vendida.

Este foi o primeiro contato que tive com uma oldtimer. Tive de mudar completamente meu conceito sobre elas. Uma moto antiga não se deve comparar com uma nova. Pensando bem, eu fui bem despreparado para ver a primeira moto, iludido pela minha saudade, o que fez com que eu deixasse escapar uma oportunidade tão boa de obtê-la. Uma oldtimer não está pronta como uma nova de fábrica, é necessário investir muito trabalho e carinho para chegar ao resultado final desejado.

Meses depois, a segunda chance. Essa já mais distante, a 200 km de distância. Eu pensei, desta vez eu compro para reformar. Não deixo escapar de novo uma oportunidade. A moto deveria ter, segundo o anúncio, 20.000 km. Quase nova, então. A decepção foi maior ainda. Com certeza com odômetro manipulado, aparentava ter 120.000 km. Toda estourada, essa até no motor. Quando fui ligar fez um barulho que deu a impressão que as engrenagens haviam pulado para fora da carcaça. O motor já havia sido aberto, fazia um barulho de válvulas que doía nos ouvidos. Eu pensei, com essa moto não vou conseguir nem chegar em casa. Fiquei até com raiva do vendedor pois no anúncio ele a descreveu como estando boa. Chegando lá ele acrescentou: “é, boa para a idade dela” (uma frase nada agradável de se ouvir…)
Mais uma decepção. Depois até comecei a pensar em me consolar em ter uma moto na garagem que nem funcionasse, só para ficar olhando, como em um museu…

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A XL 600 RM que quase foi minha.

Mais alguns meses se passaram e apareceu a terceira oportunidade. Essa sim, aparentava ser muito boa pelas fotos. Para garantir, pedi ao vendedor, que se chamava Thomas, para me mandar um vídeo e mais fotos com alta resolução, pois para ver essa moto teria de viajar quase 650 km.
As fotos me convenceram. Chegando lá, o motor estava bom, a moto com ótima aparência. Ele estava pedindo bastante por ela, dizia ser a mais bem conservada que eu poderia encontrar no mercado. Mas o carburador estava ruim, ela morria todas as vezes na marcha lenta. Eu disse a ele que eu até a compraria, mas pelo que estava pedindo ela teria que estar perfeita, ou ele abaixava o preço ou mandava regular o carburador. Ele optou pela segunda alternativa e ficou de em um mês trazer a moto para mim numa carreta. Ele nem pediu um sinal.

Passando-se duas semanas ele me contatou. Havia comprado um outro carburador e a moto estava funcionando perfeitamente, me mandou até um video provando. Mas para a minha surpresa decidiu não mais vender a moto. Não acreditei, de novo deixei escapar uma oportunidade, porque não a comprei mesmo desregulada? Eu pensei: será que ele está blefando, esperando que eu ofereça mais?



Aonde há uma força de vontade, há também um caminho.

Já haviam se passado um ano e meio do começo da minha procura, e eu continuava todos os dias no horário do almoço verificando os anúncios. Mas não nos finais de semana. Com a exceção de um. Era um sábado, quarto da tarde. Não passava nada de interessante na televisão. De tédio peguei meu smartfone para olhar pela milionésima vez nos anúncios. Meu coração quase parou quando eu de repente encontrei uma XL 600 RM preta, toda original, recém postada. Ano 1987, com pouquíssimos 12.600 km rodados, a somente 30 km de onde moro. Mandei imediatamente uma mensagem ao vendedor, pois é importante ser um dos primeiros a mostrar interesse. E também já liguei para ele, sem perder tempo. Estava até tremendo para digitar o número do telefone. Perguntei se ela ainda estava à venda, e estava. Combinei então com ele de no próximo dia às 10:00 ver a moto, pois ele no momento estava de sair. Ele tinha colocado o anúncio há 4 minutos na internet, consegui ser o primeiro a ligar!

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Finalmente, depois de um ano e meio, a primeira volta com a minha XL 600 RM

No outro dia, nem acreditei, lá estava ela! Que maravilha, pegou na primeira, de novo aquele som maravilhoso do motor. Dei umas voltas para prová-la, estava perfeita. Voltando fiquei com receio, será que ele vai vender mesmo? O bom é que a moto não tinha sido lavada, olhei bem o motor, nenhuma mancha, nenhuma gota de óleo pingando. Assim como o garfo, também sequinho. Muito bom.

A moto estava há anos abandonada na garagem, o tanque ainda estava com gasolina de três anos atrás. Para a minha sorte o vendedor não quis ter o trabalho de pesquisar o valor atual dela no mercado e a me vendeu a preço de banana. E ainda colocou pneus novos, mandou trocar as pastilhas e o fluído de freio, trocou o óleo assim como os filtros de ar e óleo.

Demorou bastante para eu me conscientizar do que realmente estava acontecendo, meu sonho havia finalmente se tornado realidade! São momentos em sua vida em que você é recompensado pela sua força de vontade e convicção de que vai alcançar seus objetivos!


A alegria da aquisição com o simultâneo começo das dificuldades da restauração.

Antes de ter encontrado esta moto a minha intenção inicial era de modificá-la pintando o motor em duas cores e mudando o grafismo para preto e amarelo, como a minha XLX do Brasil. No Japão haviam os modelos em branco com detalhes em azul, como a brasileira, vermelho com branco e azul, e preta com detalhes em branco e vermelho. Como a moto estava num estado todo original, achei um crime modificá-la. Além do mais, preto e vermelho considero uma combinação muito elegante.

Eu escrevi para o Thomas, aquele que não quis mais me vender sua XL, contando que eu acabava de entrar no clube das XLs. Ele não ficou aborrecido comigo, muito pelo contrário, acabamos nos tornando ótimos amigos. Da minha idade, compartilhamos a mesma paixão por XLs. Com a diferença de que ele teve a sorte de ter acesso a todos os modelos da Honda do Japão, e eu era limitando aos poucos que eram fabricados em Manaus. Desde 1989, ele já tem sua terceira XL 600 RM. Ele me dá sempre muitas dicas sobre a RM. Nos meus contatos ele está registrado como “Thomas XL”…

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Preta e amarela, a transformação que
queria fazer na minha XL 600 RM.
Whatsapp com o Thomas.

No dia seguinte fui ao trabalho com ela. Depois do serviço fui dar minhas primeiras voltas pelas redondezas. Que delícia! Motor forte com um ótimo torque em baixas e médias, câmbio macio e preciso de cinco marchas, freios muito bons, mesmo com o disco parecendo ser pequeno para os dias de hoje, mas na época sendo considerado o melhor das trails, suspensão com mais curso (220 mm na frente, 200 mm atrás) e de maior diâmetro, 41 mm, engole todas as irregularidades sem problemas, tornando-a relativamente confortável para uma on/offroad. O comportamento nas curvas é exemplar, graças à posição de dirigir bem próxima ao guidão.

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Em casa, fui examinar o que havia comprado… …e já pus mãos à obra…

Mas havia algo que me incomodava. O antigo dono não era muito alto e por isso mandou rebaixar o banco, além do mais sua capa estava desbotada. O guidão também era mais baixo e estreito, não original. Pelo espelho só conseguia ver meus ombros, algo até perigoso. Os adesivos estavam amarelados e mastigados pelo tempo. A moto nunca havia sido lavada, precisava de uma leve restauração, mas ainda bem, a sua base era ótima.


As diferenças entre a XLX 350 R e a XL 600 RM.

Qual não foi a minha surpresa quando eu tirei o tanque e constatei que não havia nenhum radiador de óleo como na XLX. Estranho, pois pensava que esta era a razão principal deste modelo ter as aletas laterais no tanque. Ao invés disso a refrigeração do óleo é efetuada através do quadro. Por falar nele, ele é muito bonito, de secção retangular, mas ainda não de alumínio. O tanque tem uma forma vulcânica mais íncline, além de ser recuado do quadro para a passagem de ar devido à refrigeração.

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O tanque da RM tem uma
forma um pouco diferente
A RM com arrefecimento
de óleo pelo quadro.
A XLX com radiador de óleo

A tampa do tanque da XLX é muito bonita sendo cromada e se abrindo com a chave. A da RM é de plástico e tem-se de girá-la 180º para a abrir, um detalhe não muito elegante. O painel é idêntico, óbvio que com a velocidade máxima superior e as rotações do motor menores devido à maior cilindrada.
A mangueira do freio hidráulico dianteiro da XLX passa por baixo do painel, através de tubos, enquanto que na RM ela passa por cima, atrapalhando a leitura dos instrumentos e não sendo nada atrativo.
O braço oscilante assim como os aros da RM são de alumínio, muito bons, e os pneus são sem câmara.
O carburador é duplo, o que foi muito criticado no Brasil, forçando a Honda da Amazônia a voltar para o carburador simples. A principal desvantagem é no fora de estrada. No asfalto não tenho do que me queixar. A descompressão é automática, o que facilita muito a partida a pedal, que por sinal é até dispensável, pois ela usufrui de partida elétrica, na época uma novidade na família XL.

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Painel idêntico,
tampa do tanque simples
Braço oscilante e
aro de alumínio
carburador duplo

Uma curiosidade é a carenagem. Embora nos anúncios da época, antes de seu lançamento, as carenagens das RMs fossem iguais às da XLX 350 R, nos dois anos de produção foram montadas as carenagens da XL 250 R japonesa. Na minha opinião não tão bonitas.
O farol H4 é relativamente bom, mas uma lâmpada moderna com mais luminosidade é aconselhável. O fato do farol virar com o guidão é uma grande vantagem nas curvas.

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Nos anúncios a carinha
era a da XLX 350
XL 250 R XL 600 RM

As laterais são parecidas, mas não idênticas.
Enquanto que a pintura do motor da RM é preta, a Honda do Brasil adotou a pintura usada na XR 600 R da época, com uma combinação muito bonita de grafite metálico e cobre.

O freio a disco da RM não é perfurado, parecendo assim muito como o de um carro, não digno a uma enduro.
O cavalete lateral é interessante. Ele se recua automaticamente assim que você a desencosta da posição lateral inclinada. Assim você nunca esquece o cavalete aberto quando anda, o que é um bom ponto de segurança. Mas a desvantagem é que basta um encostão pelo lado esquerdo e a moto cai em cima de você, uma experiência bem dolorosa. Ou quando o seu pé está no caminho do cavalete quando você a empurra sem montar nela. Por este motivo comprei um cavalete central especialmente desenvolvido para ela, por sinal o último, fabricado por uma firma italiana.
Um conforto e segurança é o fato de que o afogador pode ser acionado sem soltar a mão do guidão, usando o dedo polegar e o indicador, pois não é posicionado no meio do painel, e sim em cima da manopla da embreagem.

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cavalete lateral com
recuo automático
afogador na manopla

Chegando a uma conclusão final, embora reaproveitando muitos detalhes da já fabricada XLX 250 R, a XLX 350 R não foi um projeto pronto do Japão com apenas um motor reduzido, e sim um projeto diferenciado, reunindo muito do que havia de melhor em termos de design e tecnologia oferecidos por outros modelos japoneses. Realmente uma obra prima!


A odisseia da procura por peças…

Eu nem tinha ideia do que ainda estava me esperando pela frente: as dificuldades enormes de ter uma moto antiga quando você precisa de peças. O primeiro problema foi já o banco. Procurei na internet e liguei para algumas revendedoras Honda perguntando de um novo. Hoje eu até balanço a cabeça em pensar na minha inocência de esperar que iria achar tudo fácil. A resposta que mais se ouve é: “não é mais produzido e não tem como encomendar…” Como é que se faz nesta situação?

Na internet quase não se encontra nada quando você não sabe aonde e como procurar. Procurei na internet do Brasil. Foi uma surpresa grande ao ver que ainda se acham muitas peças para a XLX, muitas do mercado paralelo, mas também algumas originais. Achei uma espuma de banco e uma capa. Mas não havia possibilidades para mandá-las para fora do Brasil. Um problema que os brasileiros também tem quando querem comprar peças do exterior. Outra dificuldade é encontrar uma forma de pagamento. O PayPal, que é tão comum na Europa, ainda não é muito divulgado no Brasil. Pagar boleto do exterior não é fácil. Como a minha mãe ainda mora no Brasil, mandei a espuma e a capa do banco, assim como protetores de mãos para o endereço dela, e ela mandou para mim depois pelo correio. O boleto ela pagou no banco em São Paulo. Isso além de demorar bastante causa despesas postais enormes, que superam até o valor da mercadoria.

Chegando as peças aqui ainda tive de pagar alfândega. Mas o pior de tudo: A espuma não serviu, pois o banco da 350 é mais curto e mais estreito do que o da 600. O protetor esquerdo também não serviu, pois o afogador é posicionado acima da manopla de embreagem, o que faz com que o protetor brasileiro não sirva nela.


Garimpando…

Quando comecei minha procura pela internet não tinha experiência nenhuma no ramo. As inúmeras procuras fracassadas nos obrigam a serem criativos. Um truque muito bom foi não se limitar à procura somente no país onde moro. Mudando o sufixo da máquina de procura passa-se à internet de outro país. No meu caso é google.de, sendo”de” a inicial para a Alemanha, em alemão, Deutschland. Mudei então para google.fr, traduzi o nome das peças que procurava para francês e, voilà, um monte de resultados que não eram mostrados antes. Em uma das fichas técnicas que encontrei eu vi qual foram os paises na qual meu modelo foi exportado. Assim eu ampliei a minha procura com a mesma técnica para a Itália (.it), Canadá (.ca), Inglaterra (.uk), Espanha (.es) e Austrália (.com.au).
Uma ótima ajuda foi encontrar o catálogo de peças original da Honda. Embora só tivesse encontrado um em italiano, com os desenhos de explosão e o código da peça se acha muito fácil o que você está precisando. Olhar os desenhos é muito interessante e também ajuda para pensar no que você ainda pode substituir. Uma dica para a busca do catálogo de sua moto: nome do modelo + pdf.

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catálogo de peças
em pdf.
Procurando peças
pelas imagens

Tendo o código da peça abrem-se muitas outras portas. Quando uma peça é achada é sempre bom salvar o endereço do online shop, caso tenha dificuldades de encontrar outras peças no futuro. Boas experiências valem à pena repetir.

Uma outra dica é fazer a procura pelas imagens, às vezes indiretamente se acha o artigo, embora o nome que você digitou não bata. Um exemplo é suporte de farol, que também se encontra como aranha do farol, que por sua vez é às vezes definido como bloco óptico. Pela fotos se vê bem quais são os outros termos utilizados para definir o produto que esteja procurando.

Muito cuidado deve-se ter com sites enganosos. Quando você procura há um tempão por suas peças e de repente um site oferece tudo o que você digita com entrega rápida, desconfie. Geralmente eles nem tem estoque e só esperam que você efetue o pagamento para logo depois mandarem a notícia que as peças não estão mais disponíveis. Se tiver azar tem que correr atrás do seu dinheiro, às vezes sendo necessário até acionar um advogado, na pior das hipóteses você nunca mais vê o seu dinheiro. Procure neste caso sempre ler comentários sobre o site antes de efetuar a compra.

Às vezes não se encontra de jeito nenhum o que você procura. Aí a alternativa é comprar usado. Muitas motos são desmanchadas e aí é a oportunidade de você adquirir a sua peça. A vantagem é que elas são originais. Mas muitas vezes estão riscadas, tortas ou até quebradas. É sempre bom pedir fotos melhores do que as dos anúncios e perguntar especificamente o estado delas. Perguntas como, “ela está boa?” pode-se de cara economizar. Muito melhor é: “Está torta? Amassada? Tem ferrugem? Está riscada?” Muitos não aceitam devolução e aí você fica sentado no seu prejuízo. Por isso insista quando perguntas não forem respondidas. Nunca se sabe se a resposta foi esquecida ou evitada.

É preferível comprar peças usadas de lojas do que particular. Geralmente a descrição é mais precisa e honesta. E se necessária, a devolução do dinheiro é menos complicada.

Por incrível que pareça, este trabalho todo e a falta de garantia de sucesso faz com que o garimpo seja extremamente empolgante. É uma felicidade muito grande quando, depois de provar vários caminhos, você finalmente encontra o que procura. E esperar a peça vir pelo correio é como esperar um presente de natal, sendo uma criança. Esta sensação se repete várias vezes e chega até a viciar.


Restaurando…

Restaurar uma moto pode até ser uma terapia. O prazer de ver as peças aos poucos se tornando novas e a moto se rejuvenescendo é um prazer muito grande. Mesmo que demorando muito, é como um passeio de moto, no qual o caminho chega até a ser mais interessante do que o destino final em si.

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Manual de oficina Instruções detalhadas de
montagem e desmontagem
Desenhos de explosão

Quando se começa a desmontar a moto se vê mais possibilidades de torná-la nova. É interessante também ver como ela funciona, comparando-se com os desenhos de explosão. Muito útil é um manual de oficina do seu modelo, aonde todos os passos de desmontagem e montagem são detalhadamente explicados. Muito importante é usar um torquímetro para apertar os parafusos com o torque correto. Bastante respeito deve ser ter pelo sistema de freios, eu pessoalmente evito fazer qualquer coisa neles. No geral, quando não se sente seguro nos seus conhecimentos de mecânica é melhor confiar sua moto a uma oficina, pois eles não só tem as ferramentas apropriadas, como também a experiência necessária. Mas como tenho vontade de um dia fazer uma viagem pelo mundo, é bom já começar tendo noções básicas de como a moto funciona e como ela pode ser reparada.


Rejuvenescendo…

Um bom resultado para limpar o quadro, motor, suspensão dianteira, braço oscilante e as articulações do PRO-LINK se obtêm com um produto para limpar rodas de liga leve. Não agridem a pintura e são mais efetivos para tirar óleo e sujeira. Já o tanque, partes de plástico como carenagem e laterais aconselha-se um produto mais suave como shampoo para carros. O tanque sempre é bom encerar, dando um brilho bonito e protegendo a pintura. É sempre bom retirar o banco e as abas laterais do tanque para que não haja limitações na área encerada. Aí se aproveita para ver se não há nenhuma marca de pedras na pintura. É sempre bom retocar com pincel e tinta original antes que a ferrugem apareça.

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Desmontando para limpar lixar e polir O esforço vale à pena

Um colega de trabalho me disse uma vez: alumínio dá para se polir até parecer cromo. E ele tem razão, embora este efeito não seja sempre desejado. A suspensão dianteira, quando não é pintada, é um bom exemplo. Com o tempo, pedras e sujeira do freio fazem com que ela fique não só escura como aparenta ser bem velha. Após lavá-la eu a desmontei e a lixei primeiro com um kit de polimento que se pode usar com uma furadeira. Este polimento é feito em três etapas: pré- polimento, polimento e polimento fino. Para o meu gosto eu parei no pré-polimento, pois não queria que o garfo se espelhasse. Um retoque final foi uma esponja de lixamento. Quando usada com bastante cuidado e paciência resulta num leve efeito de aço escovado muito bonito.

Alumínio não se deve polir muito, pois assim a camada de oxidação pode ser extraída, o que resulta no oposto do que se deseja: em pouco tempo a peça volta a ficar escura.

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Pino do cavalete antes e depois de polir

Já bem mais seguro são as peças de aço ou cromadas. Estas sim, podem se dar um brilho muito bom com um produto especial de polimento de metais. Há também panos especiais de polimento, que são descartáveis e vendidos em um rolo. Eu poli os raios das rodas dianteiras e traseiras, um por um, por frente e por trás. Isso aparenta ser um exagero, mas o polimento é extremamente relaxante. Imagino que por roda tenha gasto mais de quatro horas. Achei este trabalho tão agradável que comecei a polir as cabeças de parafusos e arruelas que eram visíveis. Estes detalhes, pouco a pouco, tornam a sua moto cada vez mais nova.

Um problema para mim foram as peças de plástico. Na XL o plástico é bem flexível, evitando que em caso de queda as peças quebrem. A desvantagem é que o plástico é relativamente mole, facilitando o aparecimento de riscos. O primeiro tombo é lá se foram para-lama e laterais novinhos. Eu usei um protetor de mãos que estava assim riscado para fazer uma experiência para tentar remover os riscos. Comecei lixando com lixa 360, e de passo a passo usei as lixas 600, 1000, 1500, 2000 e 2500. Por final poli com um produto para retirar riscos e com polidor de pinturas. A peça ficou lisíssima, mas perdeu o brilho característico, ficando opaca, como um papel de seda. Tentei então com um ventilador de ar quente derreter a superfície do plástico para se obter o brilho. Realmente o brilho voltou, mas a peça infelizmente se deformou. Similar a este problema é quando o sol, com os seus raios ultravioletas, embranquecem o plástico e o torna poroso. Por enquanto não conheço nenhum meio de restaurá-los, o único consolo é se conscientizar de que a peça é antiga e original.

Os adesivos não só dificilmente sobrevivem uma queda como também sofrem com o tempo. Amarelados, tendem a se tornar quebradiços nas beiras. Comprar um adesivo original, mas que também tenha 30 anos, pode não ser a solução. A cola com certeza já perdeu a sua qualidade e não gruda mais como deveria. Neste caso uma imitação de boa qualidade pode ajudar bastante.

Aplicar adesivo é uma ação que não dá muito prazer, no máximo no final quando deu tudo certo. Geralmente só se tem uma tentativa, sendo o risco de colar torto ou com bolhas de ar muito grande. A falta de experiência acentua a insegurança. Mas mesmo assim eu consegui colocar todos os adesivos da moto que estavam ruins. Uma boa dica é fixar bem a peça numa tábua, de preferência aparafusando-a. Esta tábua se prende com sargentos numa mesa, para que a posição de se aplicar seja confortável.

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É importante fixar bem a peça antes de aplicar o adesivo.

Uso fita crepe para marcar as distâncias que devo manter das bordas. A fita ajuda na orientação e marcas com o lápis que faço nela ajuda a centralização. No próprio adesivo eu também coloco fita marcando o meio e outros pontos de orientação. Eu até recorto a forma do adesivo num papel para, antes de colar, verificar se a marcação está correta.

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Orientação para uma correta aplicação

Quando começo a aplicar, procuro sempre manter o adesivo sobre tensão, puxando-o levemente com uma mão e com a outra alisando-o com uma espátula com feltro. A parte do adesivo que sai deve-se sempre puxar tangencialmente e nunca para cima a 90° da peça. Se por acaso aparecer uma bolha de ar continue com a aplicação e tente somente depois tirá-la furando num canto com uma agulha e com o dedo pressionando o ar para fora. Se em algum canto ou curva o adesivo levantar, ainda há uma chance de se corrigir isso com um secador de cabelos. O ar quente faz com que o adesivo se retraia, fazendo com que a ruga desapareça.

A capa do banco é muito importante para o visual da moto. Um tapeceiro bom é inevitável para obter-se um resultado de qualidade. Procure ver se o profissional consegue trocar uma capa sem deixar o logotipo torto ou ondulado e se a capa fica realmente bem presa, sob tensão, sem deixar rugas. Economizar neste ponto não vale a pena.

As peças de metal como o guidão, espelhos ou pezinho acabam enferrujando com o tempo. Eu lixo toda a pintura antiga, passo um conversor de ferrugem ( cuidado com este produto, ele arruína a pintura e mancha o alumínio) e pinto com um spray de tinta que já vem com base e antiferrugem.


O perigo do perfeccionismo.

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Que passatempo gostoso…

Minha moto estava ficando cada vez mais bonita, mas eu percebi que o verão estava se passando e eu não tinha andado nada com ela. Às vezes é melhor você diminuir suas exigências, pois a procura pela perfeição pode até estragar o prazer da restauração.

Chegou então uma hora em que eu tive de tomar a decisão: chega, agora eu vou montar a moto de novo, mesmo sabendo que ainda há coisas para fazer. Uma motocicleta não é grande mas tem muitas peças. Se você não perceber a tempo este ponto aonde se deve parar, nunca vai terminar o seu projeto. Além do mais, porque terminar algo que te dá tanto prazer? Afinal de contas, é bom você saber que ainda pode fazer mais coisas e não terminou por completo seu projeto. É a mesma coisa como se aposentar, muitos não veem a hora de não precisarem mais trabalhar, eu prefiro tirar férias e saber que quando voltar ainda vou ter a minha ocupação.


Como é ter uma XL 600 RM?

Ter uma oldtimer é algo muito especial. Ela tem um valor muito maior do que o real do mercado, pois você tem o bônus do valor sentimental. Ela lhe traz de volta épocas agradáveis da sua juventude, como um álbum de fotografias. A diferença é que a lembrança não é só visual, e sim multifacetada. A aceleração, o ruido do motor e o cheiro da moto fazem com que você reviva suas lembranças muito mais intensamente do que sua memória é capaz de reconstruir. E receber elogios dos outros não tem preço.

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Eis aí o resultado de todo esse trabalho…
A realização do meu sonho!

Adoro fazer passeios com ela, até o caminho para o trabalho é bem mais gostoso quando você se sente jovem. Eu nunca imaginei que iria ser tão feliz com uma motocicleta. Todo o stress do dia a dia desaparece, todas as preocupações e aborrecimentos são esquecidos por um momento pois são sobressaltados pelo prazer de dirigir e de revier meus bons tempos.

O que faz a XL 600 RM diferente é o fato de que ela ter sido uma das primeiras trails a ter partida elétrica e ao mesmo tempo ter sido a última da família XL. Com o seu painel e farol fixos ao guidão e seu tanque pequeno ela é alta, esbelta e ágil como uma gazela, tendo ao mesmo tempo um motor com a força e o rugido de um leão. Lembranças da época na qual enduros realmente andavam elegantes no fora de estrada, eram ágeis na cidade e permitiam se fazer viagens com elas, quando não muito longas. Com um motor monocilíndrico de refrigeração a ar, tem uma mecânica simples e muito confiável. Com um design muito feliz, esta moto marcou a sua época e é exatamente aquilo que o estilo on /offroad sugere. Vale a pena o esforço de conservá-la, para até, quem sabe, seus próximos 30 anos…



Nota: Victor é o proprietário da Honda XL600RM cuja matéria já tínhamos publicado anteriormente no site Motos Clássicas 80, em uma história muito interessante, desde a inspiração em uma fotografia da minha XLX350R 1988, até a conquista de sua XL600RM.  
Eis que Victor foi atrás de seu sonho, não apenas de encontrar e restaurar a XL600, mas também de encontrar a XLX350R da foto…  E em meados de novembro/17 ele estava no Brasil e em uma grata surpresa veio me visitar, na ocasião ele pode não apenas ver, mas também passear na moto com a qual sonhou vendo fotografias…lá do outro lado do mundo! Foi incrível!
Tornou-se um amigo, e, como podem ver, apaixonado por motos que é, foi convidado a fazer parte do seleto grupo de autores deste site. Esta é sua primeira matéria, já começou mandando muito bem! – Notem, quão meticuloso foi na matéria, tão meticuloso foi com sua motocicleta! Internet hoje em dia é tão superficial que até nos assustamos a ver conteúdo tão bem construído!    Mas Victor tem muito a nos contar, das incríveis motos com as quais apenas sonhávamos naquele Brasil de fronteiras fechadas, e ele, que vivia na Alemanha naquele momento, podia ter….    
Victor!  Seja bem vindo!  – Diego Rosa


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17 thoughts on “É bom sonhar…

  • Nossa, linda matéria.
    Tenho a revista Motoshow, mostrada na matéria.
    Essas trails anos 80/90, me dá a impressão(talvez falsa), de serem mais tratorzão por assim dizer, devido ao som, o jeito de elas serem. Não que as atuais sejam ruins, mas é o olhar que faz a diferença mesmo. Não sei explicar melhor.
    Por serem carburadas, são outra coisa.
    Em países vizinhos aqui do Brasil, Suzuki DR 650 e Kawasaki KLR 650 ainda estão a venda zero km.
    A Xizelona tá linda. Cuida dela.

    Resposta
  • Nossa, linda matéria.
    Tenho a revista Motoshow, mostrada na matéria.
    Essas trails anos 80/90, me dá a impressão(talvez falsa), de serem mais tratorzão por assim dizer, devido ao som, o jeito de elas serem. Não que as atuais sejam ruins, mas é o olhar que faz a diferença mesmo. Não sei explicar melhor.
    Por serem carburadas, são outra coisa.
    Em países vizinhos aqui do Brasil, Suzuki DR 650 e Kawasaki KLR 650 ainda estão a venda zero km.
    A Xizelona tá linda. Cuida dela.

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  • Nossa, linda matéria.
    Tenho a revista Motoshow, mostrada na matéria.
    Essas trails anos 80/90, me dá a impressão(talvez falsa), de serem mais tratorzão por assim dizer, devido ao som, o jeito de elas serem. Não que as atuais sejam ruins, mas é o olhar que faz a diferença mesmo. Não sei explicar melhor.
    Por serem carburadas, são outra coisa.
    Em países vizinhos aqui do Brasil, Suzuki DR 650 e Kawasaki KLR 650 ainda estão a venda zero km.
    A Xizelona tá linda. Cuida dela.

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  • Fantástica a história e qualidade do relato…Realmente perdemos muito nos anos 80 com a proibição de importações. De vez em quando "viajando" nas minhas Motoshow é impossível não lamentar não termos desde aquela época Vfrs, viragos,Cbrs… abs

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  • Fantástica a história e qualidade do relato…Realmente perdemos muito nos anos 80 com a proibição de importações. De vez em quando "viajando" nas minhas Motoshow é impossível não lamentar não termos desde aquela época Vfrs, viragos,Cbrs… abs

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  • Fantástica a história e qualidade do relato…Realmente perdemos muito nos anos 80 com a proibição de importações. De vez em quando "viajando" nas minhas Motoshow é impossível não lamentar não termos desde aquela época Vfrs, viragos,Cbrs… abs

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  • Show de bola!!Recentemente, em julho/17, voltei a possuir moto, coisa que tive desde meus 14 anos (uma CG125 ano 1979, vermelha, que era do meu primo) e passando por XL125S 1985,250R 1988,XLX350R 1987,CB400 1982, CB450 CUSTOM 1984, CBX750F HOLLYWOOD 1987 Hollywood e a última, uma CB500 1998. Mas depois dela fiquei 12 anos sem moto…Apenas dando voltas em motos de amigos. Em julho desse ano, um amigo que mora em SP me disse que conheceu um pessoal que é especializado em CBX750F, uma oficina/Motoclube (FENIX CBX750 do Ivo… e que eles de tempos em tempos rifam uma Galo. Comprei a rifa e fui contemplado com uma CBX750F…mas não uma qualquer… Uma CBX750F, 1986, importada ainda, a BLACK!!! Toppp! A moto estava boa, mas precisando de de carinho, dedicação…. Então comecei uma restauração. Sou da área de mecânica (meu pai e irmãos eram/são mecânicos, torneiros..enfim, cresci nesse meio. Eu sou Inspetor de Solda/END e trabalho em plataforma marítima (OFFSHORE)). No início da restauração , perguntei-me se teria "saco" para enfrentar… Mas , bem como disse o Victor, a restauração se torna um PRAZER! E estou naquela fase que ele disse de saber a hora de parar um pouco, curtir a moto, e deixar algum serviço ainda por fazer… O PRAZER nunca termina!! Forte abraço aos amantes das Clássicas!!

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  • Show de bola!!Recentemente, em julho/17, voltei a possuir moto, coisa que tive desde meus 14 anos (uma CG125 ano 1979, vermelha, que era do meu primo) e passando por XL125S 1985,250R 1988,XLX350R 1987,CB400 1982, CB450 CUSTOM 1984, CBX750F HOLLYWOOD 1987 Hollywood e a última, uma CB500 1998. Mas depois dela fiquei 12 anos sem moto…Apenas dando voltas em motos de amigos. Em julho desse ano, um amigo que mora em SP me disse que conheceu um pessoal que é especializado em CBX750F, uma oficina/Motoclube (FENIX CBX750 do Ivo… e que eles de tempos em tempos rifam uma Galo. Comprei a rifa e fui contemplado com uma CBX750F…mas não uma qualquer… Uma CBX750F, 1986, importada ainda, a BLACK!!! Toppp! A moto estava boa, mas precisando de de carinho, dedicação…. Então comecei uma restauração. Sou da área de mecânica (meu pai e irmãos eram/são mecânicos, torneiros..enfim, cresci nesse meio. Eu sou Inspetor de Solda/END e trabalho em plataforma marítima (OFFSHORE)). No início da restauração , perguntei-me se teria "saco" para enfrentar… Mas , bem como disse o Victor, a restauração se torna um PRAZER! E estou naquela fase que ele disse de saber a hora de parar um pouco, curtir a moto, e deixar algum serviço ainda por fazer… O PRAZER nunca termina!! Forte abraço aos amantes das Clássicas!!

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  • Show de bola!!Recentemente, em julho/17, voltei a possuir moto, coisa que tive desde meus 14 anos (uma CG125 ano 1979, vermelha, que era do meu primo) e passando por XL125S 1985,250R 1988,XLX350R 1987,CB400 1982, CB450 CUSTOM 1984, CBX750F HOLLYWOOD 1987 Hollywood e a última, uma CB500 1998. Mas depois dela fiquei 12 anos sem moto…Apenas dando voltas em motos de amigos. Em julho desse ano, um amigo que mora em SP me disse que conheceu um pessoal que é especializado em CBX750F, uma oficina/Motoclube (FENIX CBX750 do Ivo… e que eles de tempos em tempos rifam uma Galo. Comprei a rifa e fui contemplado com uma CBX750F…mas não uma qualquer… Uma CBX750F, 1986, importada ainda, a BLACK!!! Toppp! A moto estava boa, mas precisando de de carinho, dedicação…. Então comecei uma restauração. Sou da área de mecânica (meu pai e irmãos eram/são mecânicos, torneiros..enfim, cresci nesse meio. Eu sou Inspetor de Solda/END e trabalho em plataforma marítima (OFFSHORE)). No início da restauração , perguntei-me se teria "saco" para enfrentar… Mas , bem como disse o Victor, a restauração se torna um PRAZER! E estou naquela fase que ele disse de saber a hora de parar um pouco, curtir a moto, e deixar algum serviço ainda por fazer… O PRAZER nunca termina!! Forte abraço aos amantes das Clássicas!!

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  • Muito legal a matéria, passei a tarde lendo e relendo e tb sonhando ,
    Vlw muito

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  • Muito legal a matéria, passei a tarde lendo e relendo e tb sonhando ,
    Vlw muito

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  • Muito legal a matéria, passei a tarde lendo e relendo e tb sonhando ,
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  • Matéria sensacional Victor, me remete à minha própria história porém com carros…qualquer dia te conto…

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