Na dúvida, acelere…
Hoje cedo
o Diego me convidou para escrever no blog, me disse que eu poderia divagar sobre qualquer assunto, recordar os bons tempos da Revista Duas Rodas… Comentamos a matéria recente do Cícero lima, Honda CBR 450 SR e imediatamente me lembrei de uma pesquisa de público feita na Concessionária Caraigá (que na época era uma das mais bem cotadas de São Paulo – SP). Eu ainda era um mero motociclista, cliente da loja, vivia naquele local para compra de peças para reposição e manutenção da meia dúzia de CB 400/450 do nosso pequeno grupo.
Lembro que achei aquela moto um sonho, um sonho caro… Naquela época ela era mais cara que um carro médio… Na pesquisa a única crítica que fiz foi realmente quanto ao preço. Lembro que passei dias meditando se devia ou não comprar uma. Acabamos por decidir no nosso grupo que não ia valer a pena pois não as usaríamos para desfilar por aí, que viajávamos quase toda semana e que no lugar de bancar nossas viagens íamos acabar pagando prestações e ficando com elas próximas da garagem…
Ela foi meu sonho
Bom, não realizei o sonho e até hoje penso se fiz ou não a coisa certa…
Passei o resto do dia relembrando os 15 anos na revista e lembrei do meu primeiro dia oficialmente na Revista. O Mário Bock já tinha feito um “ensaio” fotográfico comigo numa Honda PC “Pacific Coast” e o Tite me explicou como funcionava a revista – Alias é a quem eu devo o emprego. Estava ali para cuidar do arquivo fotográfico e fazer matérias técnicas, o “Faça em Casa”, etc. A ideia era aproveitar meu conhecimento com manutenção de motos do grupinho, o jeitão de engenheiro e o conhecimento dos protocolos e normas para testes, etc.
Com a Honda Pacific Coast |
A K1100RS
Eis que surge na garagem da editora uma BMW K 1100 RS…
Ninguém se interessou muito com a moto, o dia estava feio ameaçando chuva…
Mas eu fui lá mexer na moto, minha primeira “conversa” com uma moto germânica, ali, lado a lado.
Eu pitando meu cigarro e ela estalando o escapamento depois da esmerilhada que o Tite deu da BMW até ali… Acho que era uma matéria secundária, já perto do fechamento, ela nem ia sair por certo.
Eu fiquei ali tirando peças da carenagem para ver como ela era, fomos ficando “íntimos”…
Daí chegou o “Tio” Josias, na verdade ele ainda era o “Chefe”, o “tio” só viria anos mais tarde com o Eduardo Bernasconi…
– “Bambino, leva essa BM até a Imigrantes e faz umas fotos”, pega o macacão que servir e vai…
Pronto!
BMW K1100RS do meu primeiro dia na redação… |
Ia começar ou acabar ali minha “carreira”…
Entrei na salinha onde ficava o arquivo, peguei o macacão amarelo (do Tite), lembrei que ia sair da minha surrada Honda CB 450 DX direto para uma BMW K 1100…
A garage da Editora ficava bem abaixo do nível da rua, uns 10 metros, com uma poderosa rampa de acesso inclinada a uns 30 graus… Só essa rampa já era um teste para moto e piloto exigindo embreagem bem dosada, muito torque e boa dose de sorte para ninguém sair na porta de acesso na hora em que se está subindo…
Pensei, na dúvida acelere!
E lá fomos nós até o topo da rampa. Mario Bock veio com sua mochila cheia de preciosas lentes, falou para eu ir devagar, fotos “calmas” só para ilustrar a moto. Minha nova amiga germânica gostou de mim, se revelou uma nave espacial cheia de comodidades e confortos como convém a toda BM…
As fotos foram boas apesar do dia nublado, na volta levei a BM até a sede da BMW murmurando no capacete “Nasci pra isso” e em caso de dúvida, acelere…
Estar nessa roda com o Diego e essa turminha boa é um privilégio. Sou muito grato por ainda ser considerado útil, passar para quem quiser os causos e experiências com motos, que me levaram a várias partes do mundo em mais de um milhão de km nesse meio século rodando por aí. Engenheiro por formação e jornalista por pura diversão deixei algumas “obras” impressas em milhares de páginas da Revista Duas Rodas, mais de uma década nessa divertida atividade que poderei compartilhar com vocês. Outras obras, em concreto, aço e alumínio como o Metrô também são orgulho e diversão e ficam para a cidade. A idade vai aumentando, o hodômetro da vida mostrando seu currículo, os retrovisores, a lembrança dos lugares do mundo por onde se passou. Mas já sei, o que realmente vale, não tem preço, não se pode tocar…
Parabéns!!! Na dúvida, acelere sempre foi o meu lema!
Parabéns!!! Na dúvida, acelere sempre foi o meu lema!