Honda CBR 450 SR – a moto que combateu a Yamaha RD 350 R

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CBR 450 SR

CBR 450 SR e sua difícil missão, combater a RD 350R

A moto que combateu a RD 350 R

Antes de mais nada, por favor, antes de sair gritando vermelho de raiva que esse autor está maluco, tenha por favor um pouco de paciência, chegue até o final da matéria e tenho certeza, concordará, a CBR combateu a RD 350.

A vez das esportivas!

Foi no ano de 1989 que a Honda lançou no Brasil a sua segunda esportiva.  O mercado estava aquecido, em 1986, depois de um longo jejum, a CBX 750 F havia chegado, em setembro do mesmo ano foi a vez da Yamaha lançar a RD 350 LC.

Yamaha dispara na frente

A Yamaha estava levando ampla vantagem nas vendas da RD sobre a CBX, até o final de 1988 acumulava 10.050 unidades comercializadas e a CBX registrava 5.778 motos no acumulado até aquele momento (leve em conta que a CBX foi lançada antes).
Embora haja muita discussão se a CBR é ou não concorrente da RD, no Brasil, se em termos de
desempenho não concorria, mas os números de venda foram expressivos! Ela roubou mercado da 
RD 350….

A CBR 450 SR vira o jogo

E neste exato momento, o lançamento da Honda CBR 450 SR mexeu com a concorrência e mudou a história.  Embora muitos insistam em não enxergar essa Honda como concorrente da RD 350, e sem dúvida se falarmos apenas em desempenho não é. A Yamaha performa mais como uma CBX 750, sua natural e tradicional concorrente, desde os anos 1970, quem não se lembra?  Antológico: Viúva Negra vs Sete Galo. 
Mas, não é apenas desempenho que determina a concorrência, o mercado não se parece com uma corrida, nem com o antigo jogo Super Trunfo, onde os maiores números ganhavam e pronto! Saibam todos, que a CBR 450 SR, mesmo com o conhecido desempenho inferior ao da RD, foi lançada afim de combater o bom desempenho (de mercado) da máquina da Yamaha.

Apanha na pista, mas bate forte nas vendas

É inegável, a moto ficou maravilhosa!  Em termos de design é imbatível!  O sucesso de vendas foi imediato, em apenas um ano (no ano de 1989, seu lançamento) a CBR vendeu mais do que CBX 750 e RD 350 juntas, confira no quadro abaixo:

Ano

RD350R/LC

CBX750F/Indy

CBR450SR

1986

868

1987

 6.945 

2.727

1988

3.105

2.183

1989

2.799

2.390

5.240

1990

1.618

1.435 *

3.346

1991

1.545

645 *

1.753

1992

755

471 *

877

1993

316

212 *

560

1994

6

381 *

584

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O sucesso se manteve nos anos que se seguiram. Enquanto a Yamaha sofisticava a RD com carenagem integral, com faróis duplos, com acabamento entre carenagem e quadro, a CBR, fruto de um projeto maduro e atualizado esteticamente, apenas sofria atualização de cores e grafismos, até sair de linha em 1994.

 
Nos anos seguintes, ela continuou vendendo muito bem, obrigado, sempre mais do que a RD 350.  Se levarmos em conta os números apenas nos anos em que as duas coexistiram, a CBR 450 SR vendeu 60% a mais do que a RD, veja:
RD 350 R         –    7.039 un.
CBR 450 SR     – 12.360 un.

Ano

RD350R/LC

CBX750F/Indy

CBR450SR

1986

868

1987

 6.945 

2.727

1988

3.105

2.183

1989

2.799

2.390

5.240

1990

1.618

1.435 *

3.346

1991

1.545

645 *

1.753

1992

755

471 *

877

1993

316

212 *

560

1994

6

381 *

584

1995

4 *

2

Total

17.089

11.316

12.362

E eu com esses números?

Papo chato, hein!  Ficar falando de números, eu quero ver é moto!  Então, agora que o cenário da época está desenhado, que não há duvidas que a CBR veio pra combater a RD e combateu (contra números não ha argumentos), bora falar da 450 SR.

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Um projeto nacional.

Pra começo de conversa, uma grande diferença entre as três esportivas daquela época, as duas primeiras – CBX 750 F e a RD 350 R/LC – eram projetos nipônicos, que estavam em produção no Japão quando foram lançadas no Brasil, a moto vendida na Europa na época era muito parecida com a vendida aqui.

A CBR 450 SR foi projetada em nosso País, aproveitando é claro o motor que a matriz japonesa havia nos enviado nas CB 400 em 1980 (depois evoluídos pra 450 cc), mas, tirando o motor, a moto toda foi projetada aqui, quadro, suspensão, carenagens, painel, farol, setas, rodas – nada foi aproveitado de outro modelo, tudo nasceu pra essa moto.  Sendo assim, essa moto, genuinamente brasileira, não foi vendida fora do país. É exclusividade nossa!  

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Ah, tá certo!  Na Europa eles tinham naquele momento acesso as CBR de 4 cilindros refrigeradas a liquido – 600, 750, 900 e 1.000 cc – não iam se interessar pela “nossa” com motor bicilíndrico a ar, mas tudo bem, só uma curiosidade mesmo.


Bebeu daquela fonte

Não há a menor dúvida os engenheiros que desenvolveram a CBR 450 beberam da fonte da linha “Aero” da Honda, cujas carenagens escondiam por completo a parte mecânica, incluindo o quadro.  Quase nada exposto, abaixo fotos de algumas das “Aero” que eram vendidas fora do Brasil pra que se possa comparar o design.

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Honda CBR 750 Huricane (lançada em 1987)


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CBR 1000F, na época não era conhecida aqui, foi lançada em 1987, chegou ao 
Brasil com a abertura das importações em 1991
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CBR 450 SR – suas linhas inspiradas nas irmãs maiores que existiam lá fora

O cordeiro na pele do lobo!!!


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O motor era o  velho e conhecido de dois cilindros paralelos, 447 cc, refrigerado a ar com auxilio de um radiador de óleo, três válvulas por cilindro (duas de admissão e uma de escape), motor que foi apresentado no Brasil em 1980 com a CB 400, evoluiu no decorrer dos anos, passando pra 450 “cilindradas”. Para este modelo, teve seus dutos de admissão e comando de válvula retrabalhados, recebeu um (espetacular) escape 2×1 e de quebra um tensor automático da corrente de comando, reduzindo a necessidade de manutenção deste item.  Com 46,5 cv a 8.500 rpm e 4,2 kgf.m de torque aos 7.000 “giros”, o motor, que era uma referência em termos de suavidade e durabilidade, não entregou tanto desempenho quanto o visual inspirava, os números não mentem, ela realmente era um lindíssimo lobo, com um cordeiro por baixo…. confira no quadro abaixo:

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Mas, os números de vendas comprovam, havia público para isso!  Um pessoal mais sossegado, que estava disposto a pagar 60% a mais, que se encantava em ter um porta luvas na carenagem, que gostava de desfilar com uma moto absurdamente bonita (até hoje) pacatamente por ruas do bairro, e no caso de encarar uma estrada, fazia com competência, e um certo conforto – e claro, um ronco maravilhoso!
Testes de época comprovam que em circuito fechado, ela perdia feio pra RD. Na revista MotoShow número 100 por exemplo, de junho de 1991, exatos 29 anos atrás, os pilotos Milton Benite, Santo Feltrin , Adilson “Cajuru”Magalhães e Alberto Gregorio Jr esmerilharam as duas no recém reformado circuito de Interlagos em São Paulo. Eles aceleraram por nada menos do que 200 milhas, e os números de volta invariavelmente ficavam cerca de 4 segundo por volta abaixo da concorrente encapetada.
O jornalista Marc Petrier que escreveu aquela matéria ressalta que “a CBR é absolutamente neutra, equilibrada, precisa, obedecendo ao seu piloto sem exigir qualquer esforço ou improvisação. Já a RD reage, por assim dizer, à moda antiga”
Isso vai bem de encontro ao que o Jornalista Cicero Lima relatou durante o comparativo que Motos Clássicas 80 fez nas estradas no entorno das represas do sistema Cantareira.  

O que vale é a diversão

Assim como naquela época, a história continua sendo a mesma, se você procura uma moto que lhe ofereça bastante esportividade, que seja bonita, confortável, confiável, que sirva pro passeio nas ruas do bairro e um pega mais forte em uma estradinha de curvas, a CBR vai cair igual uma luva. E, agora falando como colecionador, ela tem um potencial de valorização muito interessante. Hoje pouco desejada ela ainda tem um preço baixo, mas sua história e seu visual vai fazer com que ela, recém chegada na turma das “três décadas”, valorize expressivamente nos próximos anos.


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16 thoughts on “Honda CBR 450 SR – a moto que combateu a Yamaha RD 350 R

    • RD 350 de graça ainda é caro, tive uma , quase morro de raiva com essa moto!

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      • como tudo nessa vida, tem quem ame e quem odeie né? o que seria do amarelo se todos gostassem do azul. abs

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    • Faltou mensionar como referência estética as CBR 250 japonesas de onde foram inspiradas as carenagens e bolha. O desenho é o mesmo….
      Linda moto até hoje sonho com uma… Mesmo achando a RD “dois zóio” muito bonita e com carenado frontal mais chamativo. Motos diferentes para diferentes condições…. Se pudesse tinha pelo menos uma se cada….

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  • Deu saudade da minha, mas ai eu lembro que passei horas parado nos acostamentos da vida por problemas no diafragma da torneira de combustível que não aceitava bem a gasolina Adtv daquela época , a saudade passa.

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  • As duas eram sonho de consumo na época, pilotar só a RD 350LC, então não tenho como opinar a não ser sobre o 2T que era pouco menos que o similar das pistas, andava mesmo… hoje, se pudesse comprar uma das duas, iria de RD, só pra matar a saudade dos 2T!

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  • Hj ninguém fala mais em cbr 450 mas quando ouvem até mesmo uma rd 135 passando na rua o pessoal ja se arepia todo imagina uma rd 350

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  • A foto da reportagem não se refere a nenhuma CBR750 importada. Nunca existiu. Eram duas CBR1000F. Tive tanto a RD350 qto a CBR450 0km qto usadas. Viajei muito com elas entre o Estado do Rio, SP e Minas. Cada uma tinha seu mercado mas concorriam por causa das propostas parecidas. E se realmente fosse num trecho travado a RD não tem como pegar a CBR, q tem muito mais torque em baixa, freios e estabilidade. A RD só foi melhorar um pouco em estabilidade a partir dos modelos 91 e meio q saíram com pneus radiais. No fim de sua vida a RD teve vendas comparadas aos Dodges no mesmo período antes de sairem de linha. Pelo mesmo motivo: consumo alto e fator diversão nunca sustentaram vendas. E a CBR, q mesmo custando + de 50% não tinha porque se manter, visto q as 600cc mesmo não esportivas, como a Diversion da Yamaha entregavam muito por quase o mesmo. Acabou a concorrência e o interesse esfriou.

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  • Tive 2 que peguei ambas 0km.
    Primeiro uma vermelha e depois uma azul.
    O que mais gostava era a sua ciclística com a novidade de seus pneus de perfil baixo e arredondados que faziam elas nas curvas mais travadas insuperáveis, dava para deitar como nenhuma outra da época.
    Outro fato que me chamava a atenção era o fato de sua já conhecida robustez e baixo índice de manutenção principalmente por causa das gasolinas batizadas na época o que era comum.
    Hoje tenho uma italiana e altamente colecionável que procuro consevar ao máximo só usando nas viagens, Benelli TnT 899 “Anniversary” que é uma série especial e limitada comemorativa dos 100 anos da Benelli na Itália e penso seriamente em pegar uma CBX 450 ou mesmo uma CB 450 Custon para usar no dia a dia em Belo Horizonte.

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  • Eu tenho uma, igual a das fotos, está comigo desde 1999. Adoro a CBR.
    Agora, em 2022, estou revisando inteira, para que dure mais 30 anos.

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  • Tive uma azul /90 em 90, auge da sensação, só alegria e muita curtição.
    Achei uma maneira de voltar nos 23 anos … estou à procura de outra igual …
    Moto top dentro de suas características e porte. Parabéns pela matéria e comentários.

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