Motos antigas são confiáveis?

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Se são ou não confiáveis, as motos antigas despertam paixões. Conheça a historia do Carlos e da conversa que tivemos aqui na Garagem do Motos Clássicas 80

O encantamento

Carlos quando entrou no QG do Motos Clássicas 80 ficou encantado, não sabia se curtia as paredes, abarrotadas de itens de época, ou as motos, que brilhavam devido a generosa camada de cera e aos refletores estrategicamente colocados no teto!

Tomamos um refrigerante, jogamos conversa fora relembrando aquela época de ouro e decidimos sair pra dar um passeio de motocicleta, já que o dia estava maravilhoso!

bmw R100GS PD 1993 e Suzuki DR800S 1994. São exemplos de motos extremamente confiáveis.
Dar uma volta com as motos antigas nos remete a “outro mundo”.
Mas, encafifado, Carlos se preocupava: -“são confiáveis?”

Voltando do passeio, enquanto almoçávamos, se mostrou interessado em ingressar nesse mundo, não para colecionar, mas para curtir o dia a dia em uma clássica, aproveitando de suas vantagens inerentes, como desinteresse pelos “amigos do alheio” por exemplo, e queria saber se a ideia dele funcionaria, o quão confiável seria a motocicleta!

A desconfiança

A duvida é comum, muita gente me pergunta se a moto antiga “aguenta” tanto como uma moderna. Qual delas eu escolheria para uma longa viagem.

Feito pra durar

Se por um lado a tecnologia industrial evoluiu a passos largos, com projetos muito mais acertados via computador, tolerâncias mínimas e processos industriais muito mais evoluídos – por outro, sabemos que, naquela época, o setor de engenharia tinha voz ativa no desenvolvimento de um projeto, e tudo, mesmo com as limitações inerentes a época, era muito robusto – feito pra durar, como dizem!

Os Pneus

Então, seria mais ou menos como comparar pneus com e sem câmara.  Os sem câmara atuais são super confiáveis, embora ambos possam ser vitimas de um prego torto, os modernos esvaziam devagar e com isso proporcionam maior segurança, sem falar que o conserto é infinitamente mais simples.

A Eletrônica

Entretanto, do outro lado do ringue está a mecânica se opondo a eletrônica!  Uma chave de contato em uma moto de 30 anos atrás é apenas uma chave de contato, que faz – literalmente – contato entre dois fios elétricos. Se engripar, só jogar óleo lá dentro e a vida segue… se quebrar a chave, ainda resta a possibilidade de pegar-se uma chave de boca, desmontar e unir os fios, garantindo corrente elétrica.  Já as atuais são, invariavelmente eletrônicas…  chuva, sol, poeira, travessia de um trecho alagado, ou nem tanto, apenas a perda da chave original pode te colocar rapidamente no banco do carona de um guincho durante o feriado.

africa twin classica e moderna - qual é mais confiável?
Recheada de eletronica a nova Honda Africa Twin contrasta com a simples e eficiente Africa Twin dos anos 1990

A Carburação

A mesma coisa acontece com a carburação, da qual muitos reclamam, mas na beira da estrada com uma chave de fenda podemos drenar uma cuba, ou desencantar uma boia batendo com o cabo da mesma chave nas paredes externas da cuba… e seguir viagem.

Já a injeção eletrônica, muito embora seja praticamente imune a problemas, dispense regulagens e seja capaz de tragar as mais diversas misturas que insistem em chamar de gasolina… se pifar?  acende-se uma luz no painel avisando… e dai?

A Engenharia mandava no projeto

Atualmente o desenvolvimento de uma motocicleta, “ouve” muito o departamento de marketing e o comercial e isso resulta em redução de custos. Naquele tempo, a moto era desenvolvida como ela deveria ser, seguindo o capricho da área de engenharia, e o preço era então calculado. Isso se traduzia em robustez.

Entre dúvidas e torresmos

Mas, pobre Carlos, ouvia atentamente entre um gole na cerveja e um torresminho, mas não estava muito feliz, pois estava em busca de respostas – motos modernas ou antigas, confiáveis ou problemáticas?

Ainda nem havíamos entrado na parte mais importante da questão.  Sim, as clássicas são, essencialmente mais robustas e confiáveis do que as modernas… mas, bem, temos que levar em conta o estado da clássica.

O peso da idade

Não há robustez que resista as gambiarras – arames e “esgana gatos” não são parafusos. Já não é de hoje que sabemos que as peças originais do fabricante são infinitamente melhores e mais duráveis do que as do mercado paralelo.

Desta forma, precisa ser feita uma analise cuidadosa do estado em que se encontra a moto antiga, como foi feita a manutenção, peças internas do motor e carburadores se são originais ou não, se as mangueiras foram substituídas, os cabos de comandos, se não há ferrugem no interior do tanque de combustível.

Mais importante do que a quilometragem que o painel exibe é a forma com a qual ela foi conduzida e principalmente a manutenção que lhe foi dada.

A confiabilidade está em suas mãos

Em minhas motocicletas eu confio, sei como estão mantidas, circulo frequentemente com todas elas, conheço cada sintoma e logo busco a cura antes que, aos poucos, a confiabilidade vá caindo. 

Não as uso em longas viagens, mas em viagens curtas de final de semana, de 500 ou 600 km eu as uso sim, e invariavelmente chegam de volta esbanjando saúde.

Confira em nosso canal do YouTube, varias motos antigas rodando e esbanjando saúde, entrevistas, testes em pistas e muito mais.

Há um ditado entre os colecionadores e amantes das motos antigas:

“a moto moderna quando quebra simplesmente para! e a clássica, mesmo quebrada segue, em menor velocidade, meio que se arrastando, mas atinge seu destino”

E como a pressa não faz parte de nosso repertorio…

super tenere 750 em ushuaia
O amigo Mauricio Stellato foi a Ushuaia com sua XTZ750 Super Ténéré 1997. Confira o vídeo, clicando na imagem acima.

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30 comentários sobre “Motos antigas são confiáveis?

  • Parabéns pela matéria! Sou fã de carteirinha das ténérés 600 e, apesar de no momento estar sem uma pra rodar, não pensaria duas vezes ao optar por uma delas ao invés de uma moderna. É obvio que as modernas enchem os olhos e são deliciosas de andar, mas pra quem tem mais de 40, o brilho de uma "antigona" não tem preço. Quem comanda é o coração.

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  • Parabéns pela matéria! Sou fã de carteirinha das ténérés 600 e, apesar de no momento estar sem uma pra rodar, não pensaria duas vezes ao optar por uma delas ao invés de uma moderna. É obvio que as modernas enchem os olhos e são deliciosas de andar, mas pra quem tem mais de 40, o brilho de uma "antigona" não tem preço. Quem comanda é o coração.

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    • Tenho 2 motos antigas, Sahara 350cc e shadow 600, e digo que não importa na idade das motos e sim o cuidado do dono com sua conversação.
      Isso foi o item que eu mais me preocupei na hora de comprar elas, não fui visando preço baixo mais sim a conversação da moto.
      E mais uma dica mesmo que você compre uma moto antiga reserve pelo menos 2 mil reais pra fazer uma revisão nela que com certeza depois de comprar ela você vai encontrar alguma coisa pra fazer que você não viu não hora da compra empolgado em ter achado a moto do seus sonhos.

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  • Parabéns pela matéria! Sou fã de carteirinha das ténérés 600 e, apesar de no momento estar sem uma pra rodar, não pensaria duas vezes ao optar por uma delas ao invés de uma moderna. É obvio que as modernas enchem os olhos e são deliciosas de andar, mas pra quem tem mais de 40, o brilho de uma "antigona" não tem preço. Quem comanda é o coração.

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  • Parabéns amigo voce é uma referência no nosso motociclismo.

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    • Também sou apaixonado por Tenere e XT 600. Compraria para usar mesmo, viajar pelo mundo. Um sonho.

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  • Parabéns amigo voce é uma referência no nosso motociclismo.

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  • Grande Di, otima escrita, como sempre, e esclarecedora…sem contar a lindeza das motos que aparecem na materia rsrs…..abracao

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  • Grande Di, otima escrita, como sempre, e esclarecedora…sem contar a lindeza das motos que aparecem na materia rsrs…..abracao

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  • Parabéns pela matéria. Tenho uma Sahara 97. E a uso só na estrada. Como vc mencionou, último passeio foi de 550km.
    Fomos na maior tranquilidade, fui até abordado, para vender a moto.

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  • Parabéns pela matéria. Tenho uma Sahara 97. E a uso só na estrada. Como vc mencionou, último passeio foi de 550km.
    Fomos na maior tranquilidade, fui até abordado, para vender a moto.

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  • Que linda matéria. Também sou um apaixonado pelas antigas, e acompanho uma infinidade delas rodando e bem, mundo afora. Também sou um apaixonado por Tenere, principalmente as monos. Não exitaria de comprar uma, se tivesse grana. Uma Guzzi SP2 1000, entre outras. Vejo bons exemplos, como Suzy GS 1000 das antigas devorando asfalto. Minha CB 87 só me dá prazer. Diversas viagens, na boa, entre 80 e 100 km/h. Vale muito o estado de conservação.

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  • Que linda matéria. Também sou um apaixonado pelas antigas, e acompanho uma infinidade delas rodando e bem, mundo afora. Também sou um apaixonado por Tenere, principalmente as monos. Não exitaria de comprar uma, se tivesse grana. Uma Guzzi SP2 1000, entre outras. Vejo bons exemplos, como Suzy GS 1000 das antigas devorando asfalto. Minha CB 87 só me dá prazer. Diversas viagens, na boa, entre 80 e 100 km/h. Vale muito o estado de conservação.

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  • Que linda matéria. Também sou um apaixonado pelas antigas, e acompanho uma infinidade delas rodando e bem, mundo afora. Também sou um apaixonado por Tenere, principalmente as monos. Não exitaria de comprar uma, se tivesse grana. Uma Guzzi SP2 1000, entre outras. Vejo bons exemplos, como Suzy GS 1000 das antigas devorando asfalto. Minha CB 87 só me dá prazer. Diversas viagens, na boa, entre 80 e 100 km/h. Vale muito o estado de conservação.

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  • Sem contar que as motos da década de 90, tiveram uma evolução maior que os 90 anos anteriores. Uma DR big, Bandits, entre outras.

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  • Sem contar que as motos da década de 90, tiveram uma evolução maior que os 90 anos anteriores. Uma DR big, Bandits, entre outras.

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    • Oi boa tarde tudo bem gostaria de saber na opinião de vocês qual motocicleta de baixa cilindrada que foi a melhorar de todos os tempos obrigado

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      • dificil dizer não é mesmo? eu ouso dar um voto apenas, mas não decretar. se eu pudesse comprar apenas 1 moto de baixa cilindrada essa seria a CAGIVA MITO. mas existem muitas outras legais tambem. abs

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  • Sem contar que as motos da década de 90, tiveram uma evolução maior que os 90 anos anteriores. Uma DR big, Bandits, entre outras.

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  • Estou aqui pensando em fazer um IronButt de Honda Shadow 600 ano 2000, tratada com carinho. Na volta eu conto se ela aguenta.

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  • Estou aqui pensando em fazer um IronButt de Honda Shadow 600 ano 2000, tratada com carinho. Na volta eu conto se ela aguenta.

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  • Estou aqui pensando em fazer um IronButt de Honda Shadow 600 ano 2000, tratada com carinho. Na volta eu conto se ela aguenta.

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  • Se são confiáveis? Atualmente trabalho na cidade de São Paulo e tenho que me deslocar todos os dias partindo de Atibaia. Para enfrentar o insano trânsito de São Paulo só mesmo a motocicleta para garantir o cumprimento do horário, assim evitando jogar fora um precioso tempo de vida que jamais será reposto, permitindo ainda que no final do dia tenha maior convivência com a família. A companheira escolhida para essa diária viagem, é uma boa, velha e confiável Suzuki DR800 S, ano 99. Com sua avantajada altura passa por cima dos retrovisores dos carros nos apertados corredores da 23 de Maio e Washington Luiz, com sua suspensão idealizada para os desertos da África e sua roda 21 polegadas na frente, passa pelos buracos como se flutuasse. O trafegar a qualquer hora sem a preocupação de roubo da máquina também é uma enorme vantagem nos dias de hoje. Posso dizer que tenho o prazer de trabalhar e neste caso meu meio de transporte contribui com este prazer. Já tentei com outras, mais novas, mais bonitas e muito mais potentes. Mas a velha companheira é a que mais me seduz. E alguma vez deu defeito? sim, um belo dia percebi que alguma coisa estava errada, lhe faltava energia para acionar iluminação, mas seguimos em frente. Ao estacionar já no trabalho, tentei dar a partida novamente e não deu nem sinal. Depois de mexer nos contatos, percebi que um fio do miolo da chave havia de soltado, reconectei o cabo, voltei pra casa montado nela e depois mandei consertar. Imagino o que teria acontecido se fosse uma moto moderna, com CanBus e não sei quantos computadores a bordo; Será que ela me daria a chance de terminar a viagem sem ter uma falha geral no sistema que a imobilizasse? E consertá-la provisoriamente para voltar pra casa? ah, eu duvido.

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  • Tenho minha Veinha, uma XLX 250R 1989 atualmente com 10800km originais. Comprei com 7800km em outubro de 2020 e até o momento só alegrias, manutenção básica e bateu no pedal, ligou. Sou mais ela que uma moderna!

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  • Matéria bem oportuna, pois joga por terra o preconceito contra as motos antigas. Tenho uma CBX 750F , ano 1987 e estou muito satisfeito com ela. Respeito a modernidade e a evolução tecnlogica tão necessárias ao mundo motociclístico moderno, porém o carburador ainda tem o seu lugar! E aficionados! Não existe motocicleta velha e sim motocicleta mal conservada!

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  • Gosto muito de motos antigas , tenho uma 450 85/86 , é não incomoda, uso todos os dias , vou para o trabalho e volto , a mecanica , eu mesmo arrumo .

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