Os “pneus de fábrica” – sonho ou pesadelo
Será que é legal rodar com “pneus de fábrica” em motos de coleção? Até quando podemos confiar neles?
A DT 180Z com 4078km
Na postagem que fiz semana passada no Instagram, sobre a DT 180Z, enquanto enfatizava a originalidade daquela moto, ressaltando que até seu pneu era “original de fábrica”, me deparei com a pergunta, cirurgicamente precisa e muito bem colocada do seguidor @aaf_mano
A curiosidade do leitor
Mano, que pertence ao moto clube Barra Libre e possui uma NX 350 Sahara 1991 (Capitão América) muito bonita e bem conservada, e com muita sabedoria de quem está na estrada pra valer, perguntou: “Uma dúvida que eu tenho, pq sempre o ênfase nos pneus de fábrica nas motos antigas, sendo que o recomendado é 5 anos de uso? Após esse prazo já é um risco andar com pneu assim”
Pneu de fábrica
Bom, antes de falar se pode ou não pode, se é bom ou ruim, vamos entender afinal, o que é um “pneu de fábrica”.
Esse termo, cunhado por colecionadores de carros e motos ao longo dos anos, serve simplesmente pra dizer que aquele veiculo está equipado com os pneus que foram colocados na montadora.
Mas como saber?
Outra pergunta boa ai, como saber afinal se ele foi mesmo o instalado na fábrica ou não, afinal de contas, pneus não tem lacre.
Pode parecer difícil afirmar se foi colocado na fábrica ou não, mas é simples demais. Nos pneus existe uma indicação de ano/semana que foi fabricado (confira como fazer, lendo essa matéria).
Se você comparar a data de fabricação com a data de venda da moto pela concessionaria, saberá se ele “pertence” aquela moto ou não. Se a moto foi vendida em agosto de 1987 por exemplo, o pneu não pode ter sido fabricado em novembro de 1987. Nem ser muito mais antigo, normalmente a diferença entre a data de fabricação de um pneu e a data de venda do veiculo da concessionaria é de 4 ou 5 meses.
Perigo x desejo
Bem, se é desejado em um veiculo de coleção, a resposta é sim! Muito!
Pneu é um item que fica muito aparente em uma motocicleta, além de ser um item de nítido desgaste, se ele for original de fabrica, sua moto antiga está bem cotada. É claro que, não apenas pneus, mas todo o conjunto tem que estar equilibrado. Nós falamos um pouco sobre isso nesta matéria.
Já por outro lado, o nosso leitor/seguidor está coberto de razão quando pergunta do perigo. Sem duvida é perigoso, porém…
… entretanto
Se o uso dado a motocicleta for o de coleção (coleção mesmo, não aquele “de coleção” pra colocar em anúncio), ai não há problema algum em deixar os pneus de fábrica nela. A DT 180Z citada na matéria do Cícero Lima por exemplo, tornou-se uma moto de exposição. Ela atrai clientes, vira assunto, enfeita o salão da concessionaria – e acabou chegando as nossas páginas! Ninguém está rodando com aquela moto diariamente.
Então nesse caso, pode e deve ficar com pneus de fábrica.
O que diz a lei
A lei de transito brasileira é omissa em relação a “idade do pneu”, o CBT trata de pneus “carecas” e de pneus de dimensões maiores, excedendo os para-lamas, no caso dos carros (essa passou por alteração que entrou em vigor no ultimo dia 12/04/2021, flexibilizando um pouco mais a alteração dimensional).
Mas, a historia que pneus devem ser trocados a cada 5 anos, é apenas e nada mais do que uma recomendação dos fabricantes.
É obvio que eles devem ser ouvidos. Se trocamos óleo seguindo as recomendações dos fabricantes, qual a razão de não ouvi-los no momento da substituição dos pneus.
No caso das motos do Motos Clássicas 80?
Sim, nós privilegiamos motos nessas condições no momento da compra, e também mantemos aqui as motos com pneus de fábrica sempre que possível nas motocicletas de baixa e média cilindrada, que rodam pouco, em dias ensolarados, em baixa velocidade e raramente enfrentam algum trecho de rodovia. As câmaras de todas nossas motos são trocadas assim que chegam ao acervo, simplesmente pra evitar furos.
Já as motos maiores, com as quais costumamos viajar eventualmente, circular em rodovias e velocidades mais elevadas, estão calçadas com pneus modernos (nas medidas originais). Garantindo assim a nossa segurança.
Então, depende…
… depende mesmo. Se você encontrou uma moto antiga pra comprar, impecável, baixíssima quilometragem, pneus de fábrica e vai usá-la no dia a dia – coloque pneus novos.
Se você encontrou a mesma moto e vai dar uma voltinha no domingo de sol, e pensa em comercializa-la oportunamente no mercado de colecionadores, então mantenha os pneus originais, rode pouco, pois cada quilômetro rodado vai fazer diferença lá na frente.
Ao seguidor @aaf_mano nosso muito obrigado pela pergunta, super pertinente. Que sua dúvida, agora que publicado aqui, ajude a esclarecer pra outros companheiros. Valeu!!
Abaixo algumas matérias publicadas no Motos Clássicas 80 com motos usando pneus de fabrica, que podem te interessar também:
Mobylette – o sonho de toda uma geração
Garagem do colecionador – Honda XL125S
Garagem do colecionador – Vespa PX200
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Eu acabei optando por um par de pneus novos, por questões de segurança,os originais infelizmente joguei fora, estavam mais dutiscque um pedaço de pau, rachados, muito perigoso de usar, comprei outro par MT 40, pouco mais novos que também racharam, mas ficam só ” pra exposição “….
Creio que sempre deve prevalecer o bom senso como foi citado na matéria… conforme o uso, …. parabéns por abordar tema tão complexo e discutível…
Minha Xl250 1984 está com 3400 km e pneus originais. Rodo eventualmente 1 ou 2 vezes aí mês em baixa velocidade sem problemas. Mas para uso normal não recomendaria.
Tenho uma Honda 450 ano 1980.. Com pneus de fabrica moto com boa conservação.. Agora desejo vende la.
me chama no WhatsApp 11 99352 9473. abraço