Cuidados ao comprar uma moto clássica
Basicamente, quais os cuidados que devemos ter ao comprar uma moto que facilmente supera as 3 décadas de existência? Sem a pretensão de montar um tutorial ou um guia, vou compartilhar apenas os cuidados que eu tenho quando vou visitar alguma moto.
Não importa se você vai ver uma moto restaurada, para restaurar ou original sem restauração – os cuidados são os mesmos. O que você encontrar vai servir pra calcular o quanto vai investir na restauração, ou pra pedir desconto na compra.
Antes de mais nada, quero lembrar que o Motos Clássicas 80 tem seu próprio sistema de classificados agora e é gratuito. Mais um serviço prestado e uma forma de aproximar apaixonados por motos antigas. Depois que terminar essa leitura, de uma conferida nas ofertas clicando aqui, se quiser anunciar conosco, seja bem vindo.
O Anúncio
É um enorme prazer ficar pesquisando, entre sites de classificados, grupos de proprietários do face book, contas de Instagram especializadas em raridades – a busca, quase diária, faz parte de quem curte motocicletas antigas. Mas, entre tantos anúncios e ofertas, qual é a moto que vai chamar a minha atenção?
Fotos
Bem, primeiramente eu gosto de anúncios com fotos muito bem tiradas, que mostrem detalhes, moto bem lavada, onde seja possível perceber que o dono cuida da moto.
Texto
Ali é o espaço que o anunciante tem pra convencer que a moto dele é merecedora da minha atenção. E tem cara que deixa o espaço em branco. Eu gosto de ler anúncios no qual o proprietário conta parte da historia da moto, que uso ela teve, que manutenção recebeu, se teve algum tipo de restauração ou não, que ele ressalte qualidades como pneus de fabrica por exemplo, e até mesmo conte algum problema dela. É bom saber que estamos negociando com um cara honesto e transparente.
Preço
Preço sinceramente é a ultima coisa que quero ver no anuncio, primeiro vejo se a moto é o que eu espero, pois valores são discutíveis. Já comprei moto que estava anunciada por R$ 25.000,00 por R$ 16.000,00. E em outros casos o vendedor não abaixou nem um centavo sequer, e acabei comprando também. O mais importante, em minha visão, é a qualidade da moto. Sabemos que, se tiver com alguns problemas ou algumas peças faltando, vamos gastar dinheiro nela logo de cara, então as vezes comprar uma um pouco acima do valor, acaba compensando.
A visita
Depois de ver o anuncio e conversar por telefone com o anunciante, peço mais algumas fotos de detalhes que fiquei em duvida, alguns vídeos etc. No momento que antecede a visita, é legal procurar nas revistas de época, internet e catálogos, fotos da moto para compara-la (aqui no site temos fotos em alta definição de vários modelos Honda), em detalhes, com as fotos que você recebeu. Cores, marcas, alinhamentos, adesivos, se há perfuração no freio ou não, como são os flexíveis, cor e material dos aros, tipo do espelho, design do painel e tudo mais que poderá te ajudar a fazer uma boa compra. Feito isso, se a ideia for realmente ver a moto, combino com ele a visita pro dia oportuno pros dois.
Motor frio
Primeira coisa que peço, ao combinar a ir ver a moto, é que o motor esteja frio, que não tenha sido ligada naquele dia. É apenas uma pequena dica, pois na primeira partida do dia alguns problemas podem aparecer logo de cara, como você pode conferir na matéria que escrevemos sobre a fumaça. Portanto eu quero dar a primeira partida nela e ver suas reações naquele momento.
Lanterna na mão e olho nos detalhes
Mas muito antes de dar a partida, eu gosto de pegar uma lanterna de foco bem forte, me abaixar ao lado da moto, e por mais que o vendedor queira conversar comigo naquele momento, fico quieto e vou olhando, com ajuda da lanterna, tudo que for possível. Costumo criar em minha cabeça um “roteiro” pra ver a moto, algo como “de baixo pra cima de trás pra frente”.
Onde vou ver ferrugem nos aros, marcas de pedra por dentro dos para-lamas, estado dos pneus, data de fabricação dos pneus, data de fabricação dos aros, estado da ponteira do escape, se é original, e assim sucessivamente – começando no gomo do pneu traseiro e terminando nos espelhos retrovisores. Não esquecendo de abrir o tanque de combustível para, com a ajuda da lanterna, identificar se há ferrugem em seu interior.
inscrição para-brisa RD350 ponteira escapamento XLX350R Ponteira escapamento XL250R Acabamento termômetro agrale inscrições plásticos Honda guarda pó XT500 ponteira R1 Marmita de escape BMW R100GSPD Mangueira combustivel BMW R100GSPD inscrição aro Honda (note mês e ano) protetor de mão XLX350R marcas no farol da R1 ponteira CBR900RR adesivo advertência tanque GSXR1100W chave XT500 chave Mobylette Chave Agrale detalhes agrale detalhes agrale
Desmontar pode?
Nada de dar a partida ainda, se a moto agradou até agora, é hora de gentilmente pedir pra tirar algumas peças da moto pra conhece-la na intimidade. Não precisa exagerar, tirar banco e laterais já me satisfaz. Por baixo do banco tem muita historia, normalmente a data de fabricação esta marcada ali, da pra ver se a capa foi trocada (estado dos grampos – enferrujado é bom e se há furos de outros grampos por baixo). O Avesso das laterais também costuma trazer a data de fabricação e a marca do fabricante.
Se nao tiver furos antigos por baixo da capa – bom sinal Os grampos novinhos indicam que a capa foi trocada. grampos enferrujados agradam. observe o alinhamento do grafismo, normalmente os “colocadores de capa” deixam isso tudo torto
Marcas de chave
É voz corrente dizer pra procurar por “marcas de chave” nos parafusos, principalmente no motor. Mas não são apenas as marcas de chave que denunciam algum serviço feito ali. Juntas trocadas são visíveis (rebarbas, outra cor etc). Alguns proprietários trocam todos os parafusos do motor por cromados, inox, allen etc. Procure ver o que era da época da sua moto, se Philips – deve encontrar ali Philips. Se for sextavado, ali deve haver sextavado. Se acabamento cromado, procure por cromado e assim por diante. Montadoras usam normalmente um mesmo padrão em suas motocicletas, dificilmente você encontrará sextavados convivendo com torx ou allen.
Nas originais nem tudo que reluz é ouro
Desconfie imediatamente de brilhos excessivos. Os parafusos podem ser intocados, mas devem aparentar a idade – se estivermos falando de uma moto original é claro! Então marcas de oxidação leve e a sensação que o acabamento não é mais o mesmo, são positivas. Parafusos absolutamente novos, reluzentes, indicam que algo foi mexido ali. Tampas com pinturas brilhantes e novinhas também devem ser observadas com calma. Eu, particularmente, dou muito valor ao equilíbrio do conjunto. Quadro, pintura, motor, suspensão – todos tem que estar com desgaste equilibrado, condizente com a idade.
Funcionamento
Neste ponto, se a moto continua agradando, ai sim é hora de por o motor pra funcionar, conhecer seus barulhos, ver se sai fumaça e levar pra um test drive.
Basta um quarteirão
Meu test drive em motos assim, é curto, raramente rodo mais do que um ou dois quarteirões. Não é o momento pra conhecer o modelo e se divertir com ele, cuidado! Concentre-se no trabalho! É hora apenas de ver se ela está boa, depois você vê se aquele modelo com o qual você sempre sonhou é legal ou não. O problema de curtir a moto durante o test drive é que você vai se distrair. Foque nos problemas. Verifique funcionamento da suspensão, freios, cambio, motor em todas faixas de rotação, veja por trás se a moto está alinhada, solte guidão pra ver como ela reage.
Documentação
Bem, neste quesito não vou me entender muito. Não há diferença entre comprar um veiculo usado de 30 anos e um de 2 anos de uso. Toda verificação básica deve ser feita, documentos em nome do proprietário, recibo em branco, impostos em dia (ou negocia isso no valor da moto), verificar se há multas. Atenção apenas se for comprar uma moto que ainda esteja com a placa amarela, consulte um bom despachante antes para saber se será possível regulariza-la.
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.