O prazer da monocilíndrica
Sua concepção simples assegura a fácil manutenção, baixo custo, economia, durabilidade. Nada mais adequado a uma motocicleta “de trabalho” como as inúmeras 125 a 160cc que entregam encomendas ou rodam levando passageiros, de forma onipresente, em todas as cidades do País.
Se hoje elas se resumem a utilitárias, algumas motos de entrada e nas motos de enduro/cross, não foi sempre assim.
Os grandes monocilíndricos fizeram a alegria de toda uma geração. Vamos hoje falar de algumas das mais emblemáticas, ficando com a sensação de sempre, que alguma foi esquecida, mas procurando representá-las em alguns poucos modelos.
No estrangeiro são chamadas de “Thumper” = Batedores, e de fato são. Batem forte como um coração, e, com seu som compassado determinam sua personalidade.
Quanto maior o deslocamento desse único pistão, mais grave e lenta será sua pulsação. E é aí que está o grande barato dessas motocicletas.
As pequenas cilindradas
Falar de pequenas motos monocilíndricas no Brasil é chover no molhado, 99,99% delas são assim. Isso no Brasil, pois em outros mercados, mais abastados, é comum ter motos de baixa cilindrada com 2 ou 4 cilindros, e muitos recursos tecnológicos.
As dois tempos
Impossível falar das “mono” deixando de lado as motos com motor 2 tempos. Agrales, DTs, MZs, as pequenas RD 125, 135, as TT, RX – nossas grandes instrutoras, eram todas assim. As Mobylettes (ciclomotores em geral) também se enquadram nessa categoria, com muita honra. Então, deslocando entre 50 e 250cc, essas motos deixaram saudades. Eram motos leves, de comportamento arisco, frequentemente andando na frente das concorrentes de mesma cilindrada equipadas com motor 4 tempos.
As quatro tempos
E justamente no campo das 4 tempos: CG 125, ML, XL 125 e cia Ltda. fizeram história. Propulsores pequenos e robustos, raramente ultrapassavam a velocidade máxima de 100km/h, ofereciam (oferecem até hoje) durabilidade, robustez e economia.
As médias cilindradas
Em se falando de anos 1980, as médias cilindradas se situavam entre 250 e 400cc. As 750cc, que hoje são motos médias, eram consideradas grandes. Então vamos a elas.
As Hondas – XL 250 R, XLX 250 R e XLX 350 R eram os grandes nomes dessa categoria. Com uma batida nitidamente mais compassada e voz grossa, esbanjando torque em baixos regimes, justamente o calcanhar de Aquiles das concorrentes fumacentas da época, as 2 tempos. No entanto, propulsores mais pesados exigindo motocicletas mais robustas, e pesadas. Sem que, de forma alguma, isso tirasse o brilho desses modelos, pelo contrário, seu caráter até hoje é verbalizado quando são comparadas a tratores por exemplo: – essa moto é um tratorzão!
As “Big Single”
Parecia não haver limites, e foi em 1988 que as 600cc chegaram as nossas mãos. Desculpem as XLs mas trator mesmo eram as Yamaha XT 600Z. Além de receber um competente e enorme propulsor, as Ténérés traziam mais: traziam porte avantajado, não havia a menor preocupação com quem ia pilotá-las, se alcançaria o chão ou não. Traziam estampado no tanque o nome de um dos mais temidos desertos do mundo, o Ténéré (foto abaixo). E não era apenas marketing não, essa moto frequentava aquelas áridas paisagens. E aquele tanque enorme, com capacidade para 23 litros, não deixava o piloto na estrada
Finalmente, naqueles idos de 1980, que haviam começado em um mar de motos pequenas, terminavam já mostrando grandes melhoras, aos brasileiros então era permitido acelerar motos como a CBX750F e a XT600Z. Grandes máquinas!
Maiores ainda
Mas os anos 1980 acabavam e os anos 1990 chegavam, com mais novidades. A maior delas foi a reabertura do mercado para produtos importados, e assim, conhecemos pessoalmente novas motos, as quais conhecíamos apenas pelas paginas das revistas. E foi então, que a maior de todas as mono cilíndricas, chegou aqui.
Uma batida a cada dois postes
E foi assim, com um tuc tuc tuc muito compassado, praticamente fazendo um ciclo do enorme motor a cada dois postes elétricos, que a Suzuki DR 800S chegava ao país. Não era apenas a maior monocilíndrica do Brasil, mas a maior do mundo! Esse enorme propulsor, também derivado de competições off road (disputou Rally Paris Dakar mas não venceu, foi vencedora de outro importante Rally africano – o Rally dos Faraós).
Suas dimensões acompanhavam a fama que se fez, uma moto realmente desértica. E se era apta a disputar tão importantes competições, era mais do que suficiente para levar os aventureiros através desse continente imenso. Tornou-se a queridinha de quem queria se aventurar, mas sem se preocupar com qualquer tipo de problema mecânico.
Dos minúsculos e eficientes motores 4 tempos (como a fantástica Honda Dream) até as gigantes Suzuki DR 800, os monocilíndricos despertam paixão e também críticas. Nas revistas especializadas dos anos de 1980/90 alguns jornalistas criticavam a vibração que destruíam as placas (caso da Yamaha XT 600 e depois na XT 660) ou o incomodo nas longas viagens. Mas era apenas questão de achar a rotação certa e manter a velocidade de cruzeiro que o motor passava a “conversar” com o piloto e tudo, no final, virava história e deixaria saudades…
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
O monocilindro, com ponteira esportiva ou não, tem um som lindo, único. Pena que parece estar sumindo do mercado. Cadê as japas médias monos. Européias então, artigo raro. Ótima matéria.
Lendo sua materia, deu saudades da minha primeira Honda ML 1981 preta e tbm da XLX 250R 1985 vermelha retiradas zero km da loja em Porto Alegre-RS
Tenho um freewind650 Suzuki monocilíndrico um legítimo galaxi p se andar!!!!Robusta,confiável,pouca elétrica p incomodar e vai junto com a moderninhas européias de boa!!!
Viajei no tempo agora: me vi lendo e babando com as revistas da época, sonhando tanto com o “tratorzão” Ténéré 600 quanto com a famosa “7 galo”! Mas, como o texto fala em monocilíndricos, impossível não lembrar da minha primeira volta com uma moto dessas, prazer puro a cada marcha passada! Abraço a todos!
Sou um fã das monos, uma XT600E e uma Ténéré 660z fazem minha alegria nas diversas viagens pelo país!
Ha 5 anos realizei o sonho de ter minha XTZ 660 Ténéré. Paixão de adolescência (na XTZ 600) que virou um casamento que, se depender de mim, será eterno
Eu tenho moto monocilíndrica de 400cc e tive scooter monocilíndrica de 400cc. Acho sacanagem. Economizar em motos médias colocando 1 cilindro. A moto treme, perde torque, perde potência, não tem nada de interessante uma moto média monocilíndrica. Respeito a opinião mas monocilíndrica só pra entregar pizza.
legal, bacana a forma de pensamento. Em competições e entre os aventureiros, a simplicidade fala mais alto que o conforto da vibração. Eu que tive essa origem, sinto muito prazer em pilota-las, embora sem duvida prefira acelerar um 4 cilindros, de preferencia em V. valeu! abraço