Chega de treta com a Placa Preta
Redes sociais não são um fenômeno novo, mas pra mim sim! Fui resistente a elas, quando o Motos Clássicas 80 foi ao ar, em formato de blog em 2013, não havia rede social do Motos Clássicas 80 e muito menos do Diego Rosa (que continua sem até hoje). Mas com o tempo fez-se a necessidade de entrar nesse mundo, que pra minha surpresa foi receptivo com o velho motoqueiro.
Eu sempre ouvi falar das tretas gigantes que se formavam ao redor de alguns assuntos, mas isso nunca chegou ao Motos Clássicas 80, pois, no jargão atual, acabamos por naturalmente criar uma bolha, de “gente fina elegante e sincera” ao nosso redor. Fizemos questão de nunca publicar nada que não fosse: motocicleta antiga. E deu certo, conseguimos reunir uma galera nota 1000 no entorno das motos antigas.
A nova treta
A placa preta sempre foi rodeada de uma aura de mistérios. Muita gente não sabia ” de onde veio, pra que serve, quanto custa, pode rodar?” e, aos poucos, fomos esclarecendo o assunto aqui no site em cerca de 10 matérias ligadas ao tema.
Viajando com a esposa no final de 2021, nos mais de 8.500 km rodados, nos dispusemos a ouvir muitos podcasts, alguns relacionados ao hobby/trabalho de cada um e outros completamente “fora da bolha” – navegando por diferentes ecossistemas, abrindo a mente para conhecer o “outro lado” das coisas.
Um dos podcasts era de um influenciador digital importante e conhecido, especializado em automobilismo com mais de 200.000 seguidores. Nesse podcast três pessoas (entre ela o conhecido protagonista) discutiam, entre outros assuntos, do retorno da placa preta. Explico: A placa de coleção que sempre foi na cor preta, deixou de ser preta com a mudança para o novo sistema do Mercosul. A cor era pouco diferente da padrão e praticamente não se destacava a alguma distância.
Nessa matéria em áudio, o grupo discutia a futilidade da escolha da cor por parte dos colecionadores, da inutilidade da placa de coleção e pra completar argumentando que automóveis antigos profundamente modificados (Hot Rods, por exemplo) também tivessem direito a tal placa. Foi indigesto ouvir aquilo, mas enquanto eu ouvia, estava na BR-230 (a Transamazônica) cruzando o estado do Maranhão e de lá não conseguia fazer nada, pois nem sinal de fumaça há naquelas paradas, então me contentei em ruminar o assunto e dar umas rosnadas dentro do automóvel.
Em outra ocasião, ao retornar de férias, vi em um grupo de Facebook uma discussão árdua em torno do retorno da cor preta às placas…pretas. Embora poucos saibam, a Federação Brasileira de Automóveis Antigos (FBVA) fez um trabalho exemplar, buscando resgatar a cor preta da placa. Uma consulta pública foi proposta pelo Governo Federal, muitos de nós votamos, e o resultado é que essa consulta pública teve cinco vezes mais participação pública do que qualquer outra consulta, de outros assuntos, feitas pelo Governo Federal.
Portanto, através dessa consulta e do esforço da FBVA, conseguimos de volta a placa na cor certa, a preta. Se você ainda não sabe a razão pela qual dizemos que ela tem que ser preta, conheça um pouco a origem da cor – que te garanto – não é fútil e nem é apenas uma cor como qualquer outra, conforme sugerido pelo narrador. (nesse artigo de 2018 a gente explica a origem dessa cor na placa de coleção)
Perdeu a chance de ficar quieto
Muitos acham que a placa preta é futilidade, que custa caro e não faz sentido. Dizem que é apenas pro ego do proprietário e não para a motocicleta, embora existam placas pretas “falsificadas” por ai, tudo tem dois lados não é mesmo? – existem pessoas serias trabalhando pra diferenciar veículos realmente de coleção dos demais.
Com a placa de coleção por exemplo, um veiculo dos anos 1960 pode circular por qualquer parte e seu condutor não será multado por falta do uso do cinto de segurança, nem a ausência do espelho retrovisor na lateral direita e assim por diante.
Só os de coleção?
Porque isso está reservado apenas a carros de coleção com elevado índice de originalidade e não para Hot Rods por exemplo? A resposta é simples, o colecionador sério não quer sob hipótese alguma alterar as características de seus veículos, portanto não vai incluir um espelho retrovisor onde não havia. Já quem monta um Hot Rod, ou Rat Rod e por ai vai, já modificou o veiculo todo, trocou motor, rebaixou suspensão, colocou rodas especiais e etc.
Esse veículo não faz parte de um acervo histórico, depois de mexer no carro inteiro, que diferença faz ele atender a legislação e colocar um espelho a mais? Não é mesmo? Além do mais, a FVBA não olha, não se interessa e nao representa proprietários desses veículos, então a associação que lhes protege é que deveria solicitar a placa de outra cor, com alguma justificativa sólida, para essa classe de veículos.
Pior ainda é quando o tema é levado pro lado da politica, foi esse governante que mudou, foi aquele governante que autorizou… Chegou ao ponto máximo de argumentarem que a placa preta 2022 foi relançada em Curitiba (não preciso mais esticar o assunto né?… Curitiba, Lava a Jato…. fala sério!!!!! Curitiba sempre foi a cidade piloto no que se diz respeito ao emplacamento de veículos!!!!) Meu!!! Se liga, a gente curte as motos antigas!!!! Pra mim, ambos perderam uma grande chance de ficar quietos.
A importância e a imbecilidade que vem da opinião
Mundo moderno, redes sociais. Cada tribo abastecida com dados de sua própria bolha. Chato! Mas real. O que incomoda, é a necessidade visceral que, a cada tópico apresentado, uma legião sinta-se obrigada a opinar. Alguma postagem sobre a Amazônia aparece em meu feed – e na hora há que se posicionar. Só existem duas posições inclusive – a favor e contra. Será que algum dos “opinadores oficiais” sequer foi pra Amazônia um dia? Hummm Aí mudam o assunto pro arroto do boi (ou peido, sinceramente não sei), e pronto, uma enxurrada de opiniões, claro, apenas contra e a favor… Penso que muitos não tenham se aproximado de uma vaca viva na vida inteira, apenas na churrascaria – e o pior, os que não comem carne (estou me importando com o que você come?) são os mais fervorosos na opinião.
Gente, isso beira a imbecilidade. Nao da pra deixar de existir, mas vamos deixar isso pra fora do antigo-mobilismo e do motociclismo clássico. Quem gosta da placa preta, coloca a placa preta. Quem não gosta, não põe… simples assim.
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Concordo e concordo….
Mas eu joguei a toalha, no país dos ” GERSONS “onde a boa intenção é alterada conforme os interesses de alguns … vou manter minha placa comum na Monstrossaura, e assim que der, retirar a preta de COLEÇÃO do meu Volks 62…. importante é curtir os brinquedos e não ficar neurótico com a turma das vantagens e facilidades, dos preciosistas e experta de internet que ficam falando bobagens e não tem mínima noção do que é ser realmente original.
Bora ser feliz com os brinquedos….
EXCELENTE!