Médico ou mecânico – quem vai cuidar da sua clássica?

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Quem fará a manutenção da sua clássica? Se for um mecânico relaxado com certeza você não será feliz com sua companheira de duas rodas

A motocicleta zero km

Quando a motocicleta “zero km” sai da loja, todo cuidado é pouco – lavagens cuidadosas com xampu e até cera pra proteger a pintura – fazem parte da rotina. Mas com o tempo, uma esbarradinha aqui e outra acolá e o dono começa a relaxar, não apenas na aparência, mas principalmente na manutenção.

Assim como a diabetes e a pressão alta no ser humano, alguns relaxos na manutenção não são percebidos de imediato. Um óleo trocado fora da quilometragem por exemplo, vai cobrar seus efeitos lá na frente apenas, quando talvez nem o dono seja o mesmo.

A motocicleta com 10 – 20 anos de uso

Dez anos de uso não representa, ou não representaria nada na vida util de um veiculo. Desde que, é claro, a manutenção seja respeitada e seu condutor seja minimamente cuidadoso. Mas, é aproximadamente entre os 10 a 20 anos de idade que a moto usada mais sofre. Em condições normais, ela não está mais com o primeiro proprietário (aquele do xampu e cera), talvez nem com o segundo ou terceiro. O valor de mercado caiu assustadoramente quando comparado com a zero km – mas atenção!! A pegadinha está justamente aí – as peças continuam caras, acompanhando o valor da moto nova – nesse momento que fábrica de gambiarras se instala.

Preço de peças

Os preços das peças acompanham o valor da moto zero km. Por exemplo, um kit de relação (corrente, coroa e pinhão) para uma esportiva 1000cc nova ou uma esportiva 1000cc de 1998 – é o mesmo! Filtro de ar, de óleo, o próprio óleo do motor, pastilhas, pneus – tudo acompanha o valor da moto zero, e então, a moto cuja manutenção começava a cambalear – começa a se transformar em um verdadeiro Frankestein. Uma relação de baixa qualidade aqui, uma pastilha dura (que agride os discos de freio) ali, cabos baratinhos e por aí vai.

A moto pode ser “velha” mas, os preços das peças são relativos aos modelos novos e, dependendo da raridade, vão às alturas

A motocicleta após os 25 anos

– Orra meu! Que moto legal! – Fazia tempo que não via uma dessas!

Pelas razões citadas acima, justamente, elas foram sendo sucateadas e poucas continuaram rodando. As que continuaram, normalmente em precário estado de conservação. As “raridades” ainda não se vê pelas ruas, pois estão escondidas nas garagens. E é então neste momento que começam a despertar curiosidade, chamar atenção e ter procura. Se não ainda por colecionadores, por apaixonados pelo modelo que estão em outro momento da vida e querem recuperar um desejo ou gosto antigo. Pouco mais pra frente, começam a chamar atenção de colecionadores também.

Surrada ou imaculada

Passados esses 25 a 30 anos, estamos falando de uma moto antiga, seja ela clássica ou não (diferenças entre clássica e antiga você pode ler aqui). Se você adquiriu ela imaculada, aquela exceção à regra, que foi mantida na garagem da sala por muitos anos, com baixíssima quilometragem, impecavelmente conservada, parecendo ter saído do túnel do tempo – ou – se você comprou uma veterana surrada, em maior ou menor intensidade – agora você vai precisar de um mecânico.

O mecânico

Bem, para nós das motos antigas, o mecânico merece, não apenas um paragrafo só dele, mas uma matéria inteira. Mesmo em capitais como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, amigos relatam a dificuldade de manter uma moto antiga, pelo simples fato de “não existir mecânico”.

Eu mesmo já comprei motos aparentemente bem cuidadas, mas que tinham passado por mecânicos desqualificados e estavam lotadas de “esgana gato”, parafusos misturados das mais diversas e variadas aparências, muitos com a fenda toda arreganhada, uma profusão enorme de cola para junta no lugar das… juntas, até mesmo ao redor de retentores. Uma cena de horror, pra quem minimamente quer ter uma moto que lhe de orgulho.

É ai que entra o mecânico de verdade, que segue manual, que se recusa a adaptar, a trabalhar com peças de baixa qualidade ou de origem duvidosa. São raros? – raríssimos! Por isso meus amigos relatam “não existir mecânico” em suas cidades.

Além disso, no caso das motos antigas, conseguir peças é difícil, (por isso recomendamos que aos poucos você faça um estoque delas) então o mecânico não deve agir como um simples “trocador de peças”, mas deve investigar cada problema, suas causas, formas de resolver, buscando efetivamente consertar e não apenas substituir.

Uma boa regulagem de carburador por exemplo, separa um passeio sem graça de um sensacional com uma moto antiga. Eu costumo dizer que carburação é igual a gaita: só toca quem sabe!

Sem indicações, mas com sugestões

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O dito popular é claro: Médico e mecânico não se indica! – a razão é simples, o que é bom pra um não é pra outro. O padrão de qualidade que eu exijo em minhas motos é muito distante do que outras pessoas exigem. Sou feliz de ter em minha volta, dois excelentes mecânicos, absolutamente honestos, sérios e competentes. Mas, independente de onde você esteja, a sugestão que eu dou é: acompanhe o serviço do mecânico, pergunte, observe seus hábitos, veja como ele age diante de um parafuso “desbocado”, se põe de volta no lugar ou se procura trocar, se ele é cuidadoso com as carenagens de sua moto, se tem lugar para acondicioná-las durante o serviço. Se gosta ou não de um “esgana gato”, se é apressado ou concentrado.

E como recomendação final, de a sua moto o melhor mecânico que puder. Isso vai fazer a diferença entre um passeio agradável e uma “moto que só me enche o saco”.


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Um comentário sobre “Médico ou mecânico – quem vai cuidar da sua clássica?

  • Ótima matéria. Realmente, manutenção é tudo. Não deixar sua clássica encostada é o melhor a se fazer. Um passeio duas, três vezes na semana, já ajuda a máquina ficar nos trinques.

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