Quando a cor recebe um nome

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O Capitão América está no Sahara?

Os amigos conversavam no bar, falando das motos legais que tiveram ao longo do tempo. Um se lembrava de sua “Sahara Capitão América”, outro de sua “CBR 450 Bubbaloo”… O garçom desavisado passando por ali acha que a conversa é codificada, mas não, eles estavam se referindo duas motos legais: a Honda NX 350 Sahara 1991 e a Honda CBR 450SR 1994 respectivamente.

A Sahara 1991 “Capitão América”

A voz do povo…

E aos poucos, a voz do povo foi criando nomes pra algumas motos e modelos, não que a fábrica as vezes não tenha dado uma forcinha, o departamento de marketing da Honda soube aproveitar bem a onda e na propaganda de algumas motos já publicava seu nome.

Com a Honda CBX 750F por exemplo, virou quase uma tradição: A Black, a Magia Negra, a Hollywood, a Canadense, a Neon – como cada uma era lançada em um ano, ficava fácil identificar o ano da moto pelo grafismo.

Vemaqueiros e Tenereiros também

Com a Yamaha Vmax e a Super Ténéré 750 aconteceu algo semelhante, muito embora não recebessem nomes, mas eram conhecidas a distância, pela cor identificando o ano de fabricação. Pode chamar o vemaqueiro e fazer uma chamada oral, como quem “toma a tabuada”: Amarela? 93 – Vermelha? – 95 e por aí vai…

Legal, mas e eu com isso?

Bem, uma das faces legais do colecionismo é tentar identificar a moto com potencial de valorização, não que seja uma indicação nítida, mas, se ela recebeu uma alcunha, um apelido bem forte, com certeza ela foi a queridinha daquele momento – em termos de coleção isso já é um bom começo. As motos que citamos nessa reportagem são, ou serão, bem cotadas. Foram ícones em sua época, e isso conta muito.

Quando a cor importa

Sem muita enrolação, responda mentalmente essas perguntas de forma bem rápida, de bate pronto:

Moto e cor: Kawasaki? -verde! BlackBird? -Preta. Fácil é?

Pra algumas motos a cor realmente importa. Normalmente a “cor da marca” – aquela cor que a marca usa em corridas, por exemplo: Kawasaki é sempre verde, a Yamaha é azul (já foi amarela) ou, muito comum também, e não menos importante, a cor do lançamento da moto – a Hayabusa dourada por exemplo, ou a Sahara Capitão América (que teve a felicidade de juntar as duas situações, a cor da HRC Honda Racing Company e a cor do lançamento).

A cor do lançamento

Cada motocicleta é lançada apenas uma vez! E é no momento do lançamento que se torna o centro das atenções. Todas as revistas saem com matérias, os sites e canais de vídeo (em tempos modernos). Depois, outras motos serão lançadas e receberão as luzes da ribalta, ofuscando paulatinamente o lançamento anterior. A cor escolhida cuidadosamente para compor o material de mídia é normalmente a mesma oferecida pra imprensa testar, e é a cor mais emblemática, a que mais marca, a desperta o desejo pela moto, e consequentemente a cor que vai ser lembrada com maior saudade no futuro.

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São trajetórias. Tem começo e tem fim. Tem a festa do lançamento da moto e a fria retirada de linha. Tem o centésimo de segundo alucinante da disputa na pista – que pode custar a própria vida – e a melancolia do velho troféu empoeirado. Seja como for, a trajetória não pode ser esquecida. É preciso parar o tempo no grande momento do piloto, no salto ousado na trilha de terra, na primeira reportagem do jovem jornalista…

Roberto Araújo (fonte: livro “Duas Rodas e uma Nação”

Por isso a cor importa tanto

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Capitão América – a Sahara do lançamento

Não que valha mais ou valha menos, em via de regra isso é bobagem, e eu penso que em uma moto antiga vale muito o estado de conservação e todo seu histórico de manutenção, mas, na hipótese remotíssima de você ter duas Honda NX 350 Sahara pra comprar, ambas do mesmo proprietário, que foram tratadas da mesma forma, com a mesma km, impecáveis, uma 1991 Capitão América e uma Roxa (1997/98) .. sem pestanejar eu recomendaria comprar a primeira, não discutindo qual é mais bonita, apenas pensando em mercado e colecionismo mesmo… como em toda regra há uma exceção, certamente a “capitão américa” valerá mais do que a roxa.


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2 comentários sobre “Quando a cor recebe um nome

  • Olá pessoal, sem palavras, falar destas máquinas incríveis, adorei a reportagem, leva a gente e um lugares fantástico da imaginação, motor, força, e beleza, gera um orgulho dentro de si mesmo. Possuir tudo isto, seria fantástico. Amar, andar curtire uma moto, é só isto que amo hoje. parabéns por está reportagem.

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