BMW GS – AirHead – OilHead – WaterHead…

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A história do motociclismo é absolutamente interligada em todo o mundo, e torna-se impossível contar hoje a historia de uma determinada motocicleta sem citar outras que a antecederam. A historia da BMW GS não seria diferente – ela é uma das mais icônicas motos ainda em produção no mercado mundial, fez de sua trajetória uma saga, escrita por engenheiros, pilotos profissionais e usuários, tornando-se então uma lenda – mas para contá-la, nos vemos obrigados a voltar uma década, até encontrar a primeira trail 4 tempos produzida em larga escala… você sabe qual foi?

XL250 Motosport 1972 – a primeira motocicleta trail 4 tempos produzida em larga escala.

…as trails eram todas com motor 2 tempos, até que em 1972 a pioneira foi a Honda com a XL250 Motosport que inaugurou a categoria “trail 4 tempos” – abrindo espaço pro que veio a seguir.

Foi em 1979 em que o maior de todos os Rallies foi criado, o Paris Dakar, devorou motocicletas e pilotos em suas diversas edições, ficou conhecido como o Rally da Morte…

A Yamaha teve a felicidade de ter lançado a XT500 alguns anos antes (1975 pra ser mais exato), e quando eclodiu o Rally, ela o dominou de ponta a ponta, tanto em terras africanas, quanto em vendas no mundo todo.

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Yamaha XT500 – a primeira BigTrail fabricada.

Aquele Rally não era brincadeira, um evento de proporções dramáticas, com impacto importantíssimo na imagem das marcas e logo todos os fabricantes saíram atrás de soluções para encarar aquelas areias, e claro, agradar consumidores nos quatro cantos do planeta que ficavam deslumbrados com a possibilidade de mesclar off road e bom desempenho no asfalto, algo antes impensável.

Os Alemães da BMW não perderam tempo, já estavam com sua trail em fase de protótipo preparada para o Enduro “Six Days”, e em setembro de 1980, no salão de Colonia, apresentavam ao público a novíssima BMW R80 G/S – a sigla G/S (com /) não significava como hoje,  “Gelandersport” (esporte off road), mas sim “Gelande/Straße” (fora de estrada/estrada), deixando bem clara sua aptidão “crossover”.  (veio a perder a “barra”, sutil mudança de nome, em 1987, com a adição do sistema paralever na suspensão traseira).

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R80G/S
Com 800cc e 50hp, pesando 215kg, não era uma moto potente – mas a aposta da BMW era na confiabilidade, entendiam que para vencer uma competição longa como o Rally Paris Dakar, era preciso durabilidade e não apenas desempenho.
Eles estavam certos!
É claro que as motos usados por Hubert Auriol e Gaston Rahier nas edições do rally da morte eram amplamente modificadas, com itens desnecessários retirados para aliviar peso, tanque maior, reforços, motor preparado (versões de 1000cc inclusive), pneus etc – mas de fato, era na base, a mesma motocicleta…
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Hubert Airuol em 1981
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Gaston Rahier 1984

Deu-se inicio a uma série de vitórias da marca Bávara, tirando a então hegemonia da Yamaha, que só voltaria a vencer nos anos 1990:

Em 1981 com Hubert Airuol  GS800R
Em 1983 também com Hubert Airuol (a moto,preparada, tinha 980cc nesta ocasião)
Em 1984 com o Belga Gaston Rahier (a moto,preparada, tinha 980cc nesta ocasião)
Em 1985 com Gaston Rahier (a moto, preparada, tinha 980cc nesta ocasião)

Esta sequencia de vitórias foi interrompida pela Honda, como dissemos no inicio, todos os fabricantes estavam de olho da grande competição, e a partir de 1986, a Honda emplacou 4 vitórias consecutivas.

Importante, mas nem tanto, pois a BMW já havia cravado o nome G/S no coração dos motociclistas aventureiros.

A marca soube aproveitar e lançou, sabiamente, versões aventureiras da motocicleta, com o feliz nome de “Paris Dakar”, essas versões, equivalente ao que seria a “adventure” moderna, são as que abriram definitivamente os portões do mundo para os aventureiros. Entre outros itens desejados pelos aventureiros, traziam lindos e enormes tanques de 35 litros! (maiores inclusive do que existem atualmente).

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R100GSPD (Paris Dakar) a Versão Aventureira – equipada de fábrica, tanque de 35 litros e todos os mimos que os aventureiros gostavam!  foi quem abriu caminho para o turismo de aventura!

Airhead

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“Olga” a mais famosa das BMW GS – hoje descansa no museu da BMW, mas em 1988
estava cruzando o temido (até hoje evitado por 99,99% dos aventureiros)  – 
Darien Gap no Panamá.. nas mãos do lendário Helge Pedersen –  talvez o 
pai dos aventureiros modernos!
Simplicidade, desempenho modesto, robustez mecânica, durabilidade e aptidão para cruzar os desertos africanos e o mundo inteiro diversas vezes, assim eram (e ainda são, pois muitas estão por ai, inclusive circulando), as GS da primeira geração, são as R80G/S e as R100GS, geração que foi de 1980 até 1995.   Como o próprio nome sugere, Airhead – cabeçote a ar – a refrigeração era a ar, não havendo absolutamente nada de eletrônico, cabeçote de 2 valvulas por cilindro, 2 carburadores, sua simplicidade fazia com que a manutenção, quando necessária, fosse dada na beira da estrada mesmo!        A desmontagem básica da motocicleta é feita sem uso de nenhuma ferramenta, usando apenas a chave de ignição da motocicleta!
Um verdadeiro tanque de guerra!  – formou uma geração de aventureiros!








Oilhead, Waterhead e…  Headache…

Com a chegada da GS1100 em 1993, nascia a geração Oilhead, que, alem da refrigeração passar a ser mista (ar e óleo), trazia suspensão dianteira Telelever, uma quantidade enorme de eletrônica embarcada e começava a se afastar de suas origens – a simplicidade, seus muitos recursos empolgavam os entusiastas e irritavam demasiadamente os puristas e os globetrotters.

Atenção – é importante não confundir refrigeração a ar e óleo, com o radiador de óleo.  Na geração anterior, “airhead”, alguns modelos traziam um radiador de óleo, caso por exemplo da “Paris Dakar” desde colecionador e que ilustra esta matéria, mas o radiador de óleo tem a função de “refrigerar o óleo”, fazer com que ele trabalhe em temperatura mais baixa (o que consequentemente acaba por fazer com que o motor trabalhe mais frio também!), mas isso não significa que o óleo é responsável pela refrigeração do motor, trabalho esse que ficava 100% a cargo das aletas de refrigeração dos cilindros e cabeçote.

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Radiador de óleo na R100GS PD – “airhead” ainda tinha refrigeração a ar.

Bem, voltando ao tema, alguns problemas começaram a aparecer, entre eles, destacava-se a fragilidade do subframe traseiro (R1150GS e R1150GS Adventure 1999 a 2002) que não suportava o peso das malas que os aventureiros precisavam carregar em suas viagens. Nesta mesma geração, reclamações da suspensão traseira que não se comportava como nas gerações anteriores…

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A evolução ao longo dos quase 40 anos a tornou muito complexa, um problema que já aparecia
na geração oilhead – em 1994 – e que, claro, se por um lado agradava aos entusiastas, preocupava aos “Globetrotters”

Então em 2002 a cilindrada foi aumentada novamente, e então com 1200cc, mas ainda com refrigeração mista, ar e óleo, as GS1200 e GS1200 Adventure foram comercializadas.  Alguns problemas foram resolvidos, mas outros apareceram, o mais evidente era o o problema da frágil parte elétrica. O sistema conhecido como CAM-bus (de arquitetura distribuída, derivado da indústria  automobilística) – demasiado complexo e um tanto frágil para uma motocicleta de aventura, que se destina a mergulhar na lama… e os recorrentes problemas na “ring antenna” (chip da chave de contato) que deixaram muitos literalmente na mão. A moto, não se destinava mais as longas jornadas, mas sim aos curtos passeios de final de semana, viagens com alguma supervisão, por mais que a marca tentasse reforçar a essa imagem, com seriados de televisão e aventureiros contratados, mas os puristas foram, aos poucos se afastando.

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Gs1200 Adventure 2002


“Head ache”

Até que em 2013 a ultima e atual geração surgiu.  Waterhead, com refrigeração liquida, todos os controles eletrônicos possíveis e imagináveis (muitos dos quais já haviam na geração anterior) estabelecidos nesta atual geração, controles de tração, abs, piloto automático, suspensões semi-ativas eletrônicas – também pudera, neste momento, todas as marcas entraram na difícil concorrência: Ducati, Aprilia, Triumph, Honda, Yamaha etc…

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A ultima geração, famosa por ser muito problemática!

Head ache – Os recalls se tornaram fatos corriqueiros, (foram 44 recalls na ultima década) se por um lado demonstram respeito da marca pelo consumidor (e realmente demonstram), por outro lado, não conseguem atingir aquele que está cruzando o mundo (pra isso a moto foi criada! laaaaa atras…)

Mas aqui somos clássicos…

…e como tal queremos falar sobre motos antigas, estamos pouco nos lixando pras motos modernas e seus perrengues… elas vão virar clássicas um dia… mas não agora!.

Nós curtimos mesmo são as clássicas, e, pra quem gosta de trail, as Airhead –  R80G/S ou uma R100GS tem um lugar especial reservado no coração – e na coleção.

Escolhemos cuidadosamente, muitas fotos desses ícones, em situações incríveis, virando este mundo do avesso, num tempo em que o mundo era bem mais precário: sem celulares, internet, google maps etc…  abaixo motos e motociclistas que merecem a nossa admiração!

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4 comentários sobre “BMW GS – AirHead – OilHead – WaterHead…

  • D++++++++++++ a matéria!!! Não sou de vangloriar-me de nada… mas sinto um orgulho ENORME de ter nascido em 1971 e ter vivido essa época anos 80/90… Sinceramente, TUDO ERA MELHOR. Enfim… Essas fotos são incríveis!! Showw!!

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  • D++++++++++++ a matéria!!! Não sou de vangloriar-me de nada… mas sinto um orgulho ENORME de ter nascido em 1971 e ter vivido essa época anos 80/90… Sinceramente, TUDO ERA MELHOR. Enfim… Essas fotos são incríveis!! Showw!!

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  • D++++++++++++ a matéria!!! Não sou de vangloriar-me de nada… mas sinto um orgulho ENORME de ter nascido em 1971 e ter vivido essa época anos 80/90… Sinceramente, TUDO ERA MELHOR. Enfim… Essas fotos são incríveis!! Showw!!

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  • As motos novas nunca vão ficar antigas porque a tecnologia veio pra que elas simplesmente acabem

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