Ferveu, vazou, fundiu…

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Me lembro claramente, subindo a “serra de Santos” (na época a via Anchieta, que ligava as cidades de Santos a São Paulo) e eram inúmeros carros parados no acostamento, na subida eram motores que “ferviam”, na descida eram os freios que “queimavam”… e em ambos os sentidos pneus furados eram muito comuns.  Em uma viagem entre a Capital Paulista e a cidade portuária podia contar, não menos de 10 carros ao longo de seus menos de 70 km de vias asfaltadas.

Pois é, assim era com as motos também, platinados, pneus que furavam, correntes que estouravam, freios que travavam – um tempero a mais em qualquer viagem de moto, transformando-a em uma pequena aventura!
Quem acelera uma motocicleta moderna hoje em dia, desde que em bom estado de conservação, não sabe do que falo, pois as motos atuais raramente quebram, os sistemas de refrigeração são adequados, os freios se modernizaram sobremaneira também, e os pneus sem câmara então?  ah uma verdadeira evolução!  não me lembro a ultima vez que tive que consertar um pneu de moto moderna, muito embora viaje sempre com um kit de conserto a tira colo.

Poxa! Diego ta falando mal das motos antigas aqui?  – não né! nem louco, são uma paixão, e apaixonados não percebem seus defeitos.  Chamamos inclusive por “características”.

Mas é fato que carros e motos evoluíram muito nos últimos 30 anos, não apenas em desempenho, economia, conforto – há uma frase celebre de Bill Gates que ilustra isso: “se a GM tivesse mantido o mesmo ritmo em tecnologia que a industria de computadores tem mantido, nós todos estaríamos dirigindo carros de USD 25.00 que fariam 1.000 milhas por galão de gasolina!” – falastrões e egos a parte, não se pode negar que houve uma grande evolução, ainda que pequena comparada a informatica, mas o maior ganho mesmo foi em confiabilidade.

Não era incomum comprar um carro ou moto e dar 1000 problemas, brincavam-se dizendo que foi fabricado no dia seguinte a um jogo de futebol com resultado desastroso, a brincadeira tinha um fundo de verdade, a industria ainda fazia uso intenso de processos manuais, dependendo muito do capricho, talento ou treinamento de seus operários, verdadeiros artesãos – hoje em dia, tanto a engenharia evoluiu (projetando componentes adequados ao esforço a que serão submetidos) quanto a manufatura tornou-se muito mais automatizada, reduzindo ao extremo a chance de ser premiado com um veiculo assim, muito embora ainda existam casos pipocando e clientes reclamando.

Hoje, passado o período de 1.000 km iniciais, que considero é quando os grandes problemas podem aparecer, dificilmente uma motocicleta dá problema depois disso.  Eu mesmo fiz algumas viagens de moto pela America do Sul, viagens de 15.000 ou 16.000 km nas quais eu sequer precisei completar o nível do óleo, não tive um pneu furado, um problema mecânico sequer, nem uma lampada deixou de funcionar!

Pois é, mas nosso espaço é dedicado às velhinhas dos anos 1980, e elas sim soltam fumaça, quebram a corrente, as vezes não pegam de manha, outras vezes nos deixam na beira da estrada – mas sempre, seja enfumaçado ou com as mãos sujas de graxa, nos deixam sorridentes!  Ai, só mesmo quem convive ou conviveu com uma dessas criaturas vai entender o que dizemos aqui!


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3 comentários sobre “Ferveu, vazou, fundiu…

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