COLECIONAR: PROTEGER O PASSADO!
Sem duvida o lado emocional pesa demais para o colecionador, a escolha de cada moto, as lembranças que elas lhe traz e assim por diante, é sem duvida uma grande viagem no tempo!
Mas, independente do que leva cada um a montar e manter em sua coleção, escrevi esta matéria pensando em elencar alguns itens que estão simplesmente entrando em extinção e que, graças a atitude, paciência e dedicação de colecionadores, as futuras gerações terão o prazer de conhecer – e não apenas de “ouvir falar” deles.
Carburador
Com seus estouros característicos, a necessidade de constantes regulagens, grande responsável pelo bom desempenho e pela economia (ou não) de combustível, hora “dando excesso” de combustível, hora com falta… uma verdadeira traquitana mecânica, capaz de misturar um líquido e um gás e injetá-lo no motor, dosando ainda sua proporção.
Certamente no futuro teremos trabalho pra mantê-lo funcionando: esse é o carburador! Carburadores simplesmente não existem mais nas motos atuais, mas hoje ainda encontramos com facilidade partes de carburadores – sim, eles se desgastam e bastante, sofrem com o álcool misturado em nossa gasolina e com o pouco uso que damos as nossas clássicas – mas em breve essas peças: agulhas, reparos, giclês serão mais e mais difíceis de encontrar. Mas talvez o mais complicado mesmo, isso claro, pensando em daqui a 20 ou 30 anos, vá ser encontrar mecânicos capazes de regula-los adequadamente. A geração de mecânicos que começou na vira do milenio, já começou com um laptop ou um scanner engatado no chicote elétrico da moto fazendo rapidamente regulagens antes impossíveis – e o carburador foi e segue caindo no esquecimento…
Os temas ecológicos como o controle da poluição, acabaram de jogar a pá de cal por cima do túmulo do carburador. E faz todo sentido, sem duvida um veículo com injeção eletrônica polui muito, mas muito menos do que um equivalente carburado.
Motores 2 tempos
A consciência ecológica, as leis anti-poluição decretaram o fim da era de motores com ciclo 2 tempos também!!! Tristeza pra uns, alegria pra outros. Eu me considero um apaixonado pelas motos com motores de ciclo 2 tempos: com seu cheiro característico, com seu comportamento arisco, fumaceira, com seu alarido pelas ruas, inspirou até mesmo musicas como “Música Urbana 2” do Renato Russo “…motocicletas querendo atenção às três da manha – É só musica urbana…”
Possuo algumas motos 2 tempos na garagem fico muito feliz com isso: quando mais raro for ver uma moto 2 tempos por aí, mais raras ficam minhas motos, e mais prazer tenho em passear com elas nos finais de semana! Imagina que, se 2 tempos já é bem incomum atualmente, como será daqui a 20 ou 30 anos? Numa era de carros e motos eletricas, ouvir um motor de motocicleta já vai ser legal, um 2 tempos então? Um luxo! Tomara que não parem de fabricar óleo 2 tempos tão cedo! Ou elas deixarão de alegrar meus finais de semana, passando a enfeitar a sala de estar!
Peças em metal estampado / Cromados.
Não há como negar, plásticos injetados vieram pra ficar! Nos últimos 30 anos vimos quase todas as peças de metal estampado sendo substituídas por plásticos injetados. Tampas laterais, pára-lamas são alguns exemplos. Peso, custo de fabricação, flexibilidade, a não necessidade de dar acabamento depois que é injetado (nem pintar, polir, cromar), sem falar no custo da própria matéria prima – desta forma, pouco a pouco os metais estampados foram desaparecendo de nossas motos – e com eles sumiram também os cromados. Não da saudades dessas lindas peças?
Cada vez uma quantidade menor de motos fazem uso desse sistema, mas ainda aparecem nos modelos menores e mais baratos. De qualquer forma, vai pouco a pouco se tornando uma raridade… quem não se assusta ao ver por exemplo uma RD350 com freio dianteiro a tambor e imaginar como ela era capaz de parar, atingindo altas velocidades e possuindo um sistema de freios tão precário?
O freio à tambor da RD350 |
Partida à pedal
A partida elétrica é outro item que, aos poucos, veio pra ficar. Antes os sistemas elétricos eram de 6 volts, insuficientes até mesmo pra que o farol fizesse sua função, iluminar, quanto mais pra empurrar uma partida elétrica. Nos anos 80 vimos as últimas motos com sistema elétrico 6 volts, todas passaram a 12 volts, e também vimos pouco a pouco as primeiras motos nacionais a possuírem partida elétrica. Pois é, hoje em dia até as utilitárias de 125 cc já contam em sua maioria com a partida elétrica, deixando o pedal de lado. Imagino que daqui 30 anos, observar uma moto antiga com pedal de partida vá ser semelhante a ver hoje em dia um automóvel com manivela de partida!!!
Manivela de partida dos automóveis antigos |
É isso! Vamos fazer a nossa parte! proteger o passado…
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Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Diego, tenho acompanhado as matérias, é muito legal falar e rever fotos dessas relíquias, até o barulho das motocicletas mudaram, sou fã das XLX e DT 180, verdadeiras máquinas .
César
Diego, tenho acompanhado as matérias, é muito legal falar e rever fotos dessas relíquias, até o barulho das motocicletas mudaram, sou fã das XLX e DT 180, verdadeiras máquinas .
César