A DT envenenada

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Eu tinha apenas 14 anos, a DT180 Six Speed era minha segunda moto, e a inocência imperava!

Numa manhã de uma terça feira, depois de sair da escola, o amigo Décio que tinha acabado de ganhar dos pais uma RD135Z me convidou para um racha.  Eu ri na cara dele, pois a “motinho” dele tinha apenas 135cc…

Fomos para a Av Santana, local conhecido pelos rachas irados daquela época, mais ou menos como aconteceu  no duelo de João de Santo Cristo, estávamos lá, Décio e eu na hora marcada, e uma galera pra assistir (só não tinha o sorveteiro e o povo da tv…).

A vergonha foi imensa, a DT ficou pra trás já na arrancada e a cada metro que eu conseguia andar, a RDZ avançava dois metros. O final foi vergonhoso, a gozação foi grande e me decepcionei muito com a DTzinha.

Mas é justamente ai que começa a historia, pois com a DT,  fui no dia seguinte ao mecânico “Cebola”, que ficava próximo de minha casa, eu tinha que ser discreto, por razões obvias não podia contar a meus pais que estava envenenando a minha motoca. A primeira sugestão do mecânico foi a troca do escapamento por um dimensionado (lindo por sinal!) mas essa opção foi rapidamente refutada, pois o visual da moto não podia ser alterado!  Nem meus amigos da escola podiam saber do veneno, e muito menos os meus velhos em casa podiam perceber alguma alteração.

Uma pena, pois o escape é um item importante na preparação das 2 tempos, no entanto, como disse: “a inocência imperava!” – a receita foi criada a partir das minhas necessidades então, motor aberto, dutos polidos, vela trocada, pistão substituído por um “pistão de agrale”, carburação mexida (não me lembro o que exatamente, talvez giclagem apenas…), filtro de ar removido, e claro, como era comum naquela época, o abastecimento passou a ser feito no aeroclube da cidade (além da gasolina de aviação ser mais barata naquela época, subsidiada pelo governo, era – e ainda é – de maior octanagem e sem misturas), o óleo Castrol M50 passou a ser misturado diretamente na gasolina. Ahh alterada também foi a relação de transmissão, mais alongada.

Bem, a DT ficou legal, seu barulho ficou mais metálico, o desempenho ficou bom e o consumo absurdo.

Antes de falar da revanche do racha, me lembrei de uma passagem que aconteceu logo depois da “preparação”.  Eu sai de casa pra um passeio, e ao virar uma esquina dei de cara com um guarda de transito, ele mandou parar, o dialogo foi mais ou menos assim:

“seu guarda” bom dia! documentos por favor
diegopoxa, sr guarda, me desculpe, os esqueci em casa hoje.
“seu guarda”ahhh entendi. Qual a sua idade?
diegotenho 14a
“seu guarda”então o sr não tem habilitação?!
diego é, bem, habilitação não tenho não…
“seu guarda” faz o seguinte garoto, pega essa moto e some dessa rua, não passa mais aqui hoje, caso contrario apreendo essa moto!
diego pode deixar, sr guarda, obrigado – to de saída!

Sorte né? o “seu guarda” liberou…  mas quem disse que a DT, recém envenenada pegava?  clec! clec! clec! clec! fiquei tentando por um tempão e a maldição da moto não pegava.  O guarda ali, de braços cruzados esperando que eu me mandasse, talvez pensando em revogar a decisão recém tomada… sei lá, e eu suando, tentando fazer a “maledeta” pegar…  até que béééémmm bém bém bém bém… pegou, e eu sumi dali. UFA!

Nos dias em que se passaram, eu não podia esconder o sorriso no canto do rosto quando ia pra escola, imaginando a revanche do racha com o Décio e sua RDZ.  Pois bem, um dia saiu uma provocação sobre a minha derrota e eu resolvi aproveitar o ensejo e convida-lo para a revanche. Assim foi feito, e a turma toda caiu no riso.  – Não cansou de perder o primeiro?  quer mais?

No dia marcado, toda a molecada (e pior, as menininhas também) estavam no ponto de encontro, e a vergonha se repetiu.  Não tanto como da primeira vez, é verdade, a DT se saiu muito bem por sinal (talvez se tivesse colocado o escapamento dimensionado….).  Mas a RDZ era mesmo uma moto endiabrada e depois de uns 60km/h ela despachou a DT180.  – Burrão aqui devia ter convidado o oponente pra subir a Pedra Grande…

A gozação foi maior nos dias em que se seguiram, a DT ficou toda problemática depois da futricada no motor, não partia direito quando o motor estava aquecido, viva encharcando as velas (eu andava com um isqueiro no bolso e uma vela na caixinha de ferramentas).

Serviu a lição:  – não se mede a moto pela cilindrada e também que veneno e confiabilidade não andam juntos!


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6 thoughts on “A DT envenenada

  • Esta história me faz lembrar do dia que estava "amaciando" uma BMW S 1000 RR pra um amigo e fui alcançado por um Mercedes e um VW na Castelo Branco lá pelas bandas de Avaré. Dei passagem e acelerei pra ver o que acontecia. Só não me disseram que a S 1000 RR não passa de 200 km/h antes da primeira revisão dos 1.000 km. Kkkkkkk!

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  • Esta história me faz lembrar do dia que estava "amaciando" uma BMW S 1000 RR pra um amigo e fui alcançado por um Mercedes e um VW na Castelo Branco lá pelas bandas de Avaré. Dei passagem e acelerei pra ver o que acontecia. Só não me disseram que a S 1000 RR não passa de 200 km/h antes da primeira revisão dos 1.000 km. Kkkkkkk!

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  • Esta história me faz lembrar do dia que estava "amaciando" uma BMW S 1000 RR pra um amigo e fui alcançado por um Mercedes e um VW na Castelo Branco lá pelas bandas de Avaré. Dei passagem e acelerei pra ver o que acontecia. Só não me disseram que a S 1000 RR não passa de 200 km/h antes da primeira revisão dos 1.000 km. Kkkkkkk!

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  • Caro Décio, você não era o Décio da minha historia de infância – por sorte – contigo eu nem me arriscaria! – mas nessa situação com a S1000RR você acabou passando por amarelão hein!!!!! hahahahaha

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  • Caro Décio, você não era o Décio da minha historia de infância – por sorte – contigo eu nem me arriscaria! – mas nessa situação com a S1000RR você acabou passando por amarelão hein!!!!! hahahahaha

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  • Caro Décio, você não era o Décio da minha historia de infância – por sorte – contigo eu nem me arriscaria! – mas nessa situação com a S1000RR você acabou passando por amarelão hein!!!!! hahahahaha

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